06 dez, 2021 - 13:01 • Henrique Cunha
Carlos Almeida, coordenador de projetos em Moçambique da organização não-governamental para o desenvolvimento Helpo, diz à Renascença que "se fechou uma zona do planeta com poucos casos de Covid-19".
Este voluntário da ONGD portuguesa que se dedica a apoiar crianças em Moçambique e São Tomé e Príncipe passa boa parte do ano na região de Cabo Delgado e relata a existência de um "sentimento de injustiça" pelo isolamento a que está sujeita a África Austral, por causa da nova variante.
Carlos Almeida entende estarmos perante “medidas injustas e que se calhar não têm uma base científica devidamente comprovada e que, provavelmente, se fechou uma zona do planeta, como é o caso de Moçambique, onde há pouquíssimos casos” de Covid.
“Na realidade, as pessoas que cá estão acham que é uma grande injustiça porque efetivamente nós estamos cá e estamos a sentir-nos bem. Não queremos fugir daqui. Queremos simplesmente, como é o meu caso, passar o Natal junto da minha família"; sublinha.
Carlos Almeida refere que muitos membros da comunidade portuguesa em Moçambique acabarão por passar a quadra de Natal no território.
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Os constrangimentos relacionados com as regras impostas a quem se desloca a partir da África Austral e o facto de se sentirem seguras em Moçambique vai levar "muitas famílias da comunidade portuguesa" a optar por ficar.
Carlos Almeida revela que, neste momento, entre os cinco elementos da Helpo no território, “dois decidiram que não vão regressar porque acham que não faz sentido irem para Portugal e cumprirem uma quarentena de 14 dias e não terem garantido o voo de regresso”.
Por isso, “preferem ficar aqui em Moçambique, onde se sentem plenamente seguros” e o mesmo vai acontecer “com a comunidade portuguesa”, pois, “as pessoas que estavam apreensivas por não ter voo para regressar começam a ficar tranquilas em relação a isso e há muitas famílias que optam por ficar em Moçambique, porque efetivamente se sentem seguras”.
“Posso dizer que, junto dos meus colegas da Helpo e junto do resto do pessoal da comunidade portuguesa com quem tenho contacto, há muitas pessoas que estão a pensar em ficar por cá e acho que essa fase de estarmos assustados já passou um bocadinho, pois já estamos a ter garantias de que quem quer ir para Portugal pode ir”, reforça.
De resto, Carlos Almeida garante que o aparecimento da variante Ómicron "nada mudou na forma de estar das pessoas”.
“Apesar de o ministro da Saúde ter anunciado, no final da semana passada, a identificação de dois casos Ómicron aqui em Moçambique, na realidade nada mudou na forma de estar das pessoas, nomeadamente aqui em Pemba, Cabo Delgado, onde estou neste momento. E as pessoas continuam a fazer as suas vidas normais, com os cuidados normais", conclui.
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