Disparos foram ouvidos, este domingo, junto à residência do presidente do Burkina Faso, Roch Marc Christian Kabore, levantando suspeitas de um golpe militar em curso depois de soldados amotinados terem tomado uma base militar no início do dia.
Membros do governo tentaram tranquilizar a população, mas a inquietação aumentou com o soar dos tiros durante horas na base do exército e o apoio de manifestantes antigovernamentais aos amotinados, que incendiaram um prédio pertencente ao partido de Kabore.
As forças de segurança intervieram com gás lacrimogéneo para dispersar manifestantes que pedem a renúncia do presidente Kabore, descontentes com a maneira como o governo está a lidar com a insurgência islâmica e os ataques jihadistas.
O ministro da Defesa do Burkina Faso, Aime Barthelemy Simpore, disse à emissora estatal RTB que alguns quartéis foram afetados por distúrbios, não apenas na capital, Ouagadougou, mas também em outras cidades.
Negou, no entanto, que o presidente tenha sido detido pelos amotinados, embora o paradeiro de Kabore permaneça desconhecido.
Um dos soldados amotinados disse à Associated Press que há reivindicações de melhores condições para o exército, tratamento para os feridos e apoio para os familiares dos milhares de mortos nos conflitos para conter os ataques jihadistas, que também já provocaram o deslocamento de 1,5 milhões de pessoas.
O descontentamento dos soldados e da população tem-se virado contra o presidente, que consideram não estar a conseguir conter o avanço dos jihadistas e a proteger devidamente as comunidades do Burkina Faso.
Um recolher obrigatório noturno foi decretado no Burkina Faso, após uma revolta militar em vários quartéis para exigir a saída das chefias do Exército e uma resposta aos ataques jihadistas.
A medida, que entra em vigor entre as 20:00 locais de hoje (mesma hora em Lisboa) e as 05:30 de segunda-feira, foi anunciada na televisão nacional, segundo um jornalista da AFP.