01 fev, 2022 - 00:24 • Lusa
O procurador da Geórgia que investiga se Donald Trump interferiu no processo eleitoral presidencial de 2020 pediu proteção ao Federal Bureau of Investigation (FBI), após o ex-presidente ter chamado de "radicais" aos procuradores que o investigaram.
O pedido do procurador Fani Willis, do condado de Fulton (Atlanta), que recebeu luz verde de um tribunal para formar um grande júri para recolher provas e investigar o caso, surge depois de o antigo presidente ter ameaçado com protestos em várias cidades do país, incluindo a capital da Geórgia, durante o fim de semana.
"Se estes procuradores radicais, viciosos e racistas fizerem algo de errado ou ilegal, espero que tenhamos os maiores protestos neste país que já tivemos em Washington, DC, em Nova Iorque, em Atlanta e noutros locais, porque o nosso país e as nossas eleições são corruptos", disse Trump este fim de semana, durante um comício no Texas.
Numa carta para o FBI, que foi hoje reproduzida por vários meios de comunicação locais, Willis solicita que "conduzam imediatamente uma avaliação de risco" do Tribunal de Fulton e dos escritórios do governo do condado, e "forneçam recursos de proteção, incluindo serviços de inteligência e agentes federais".
"Devemos trabalhar em conjunto para manter o público a salvo e assegurar que não tenhamos uma tragédia em Atlanta semelhante à que ocorreu no Capitólio dos Estados Unidos, a 06 de janeiro de 2021", escreveu Willis na missiva ao agente especial J.C. Hacker, responsável pelo escritório do FBI em Atlanta.
O procurador refere-se ao assalto ao Capitólio por apoiantes do Trump, no qual cinco pessoas foram mortas e cerca de 140 agentes foram feridos.
Na semana passada, os juízes do Tribunal Superior do Condado de Fulton aprovaram o pedido para formar o grande júri feito pelo procurador, que há quase um ano investiga a possível interferência de Trump nas eleições presidenciais de 2020, que o então presidente perdeu.
O grande júri iniciará os seus trabalhos a 02 de maio e continuará por um período "não superior a 12 meses", segundo o juiz presidente, o juiz Christopher S. Brasher.
A procuradora fez o pedido ao tribunal para avançar com a sua investigação, depois de se ter queixado de que, embora o seu gabinete tenha feito inúmeros esforços para recolher provas e interrogar testemunhas, também encontrou uma grande resistência.
A investigação centra-se em parte na chamada que Trump fez, em aneiro de 2021, ao secretário de Estado da Geórgia, Brad Raffensperger, na qual o ex-presidente pediu para "encontrar" milhares de votos a seu favor nesse Estado chave, que acabou por ser ganha pelo atual presidente, Joe Biden.