07 fev, 2022 - 18:37 • Lusa
O Presidente francês, Emmanuel Macron, disse esta segunda-feira pretender "iniciar o desescalar" da crise na Ucrânia, numa declaração no início da reunião no Kremlin com o seu homólogo russo, Vladimir Putin, que mostrou apreço pelos esforços de Paris.
"O nosso continente está hoje numa situação eminentemente crítica, que exige que sejamos extremamente responsáveis", disse Macron, sentado numa das pontas de uma longa mesa branca no Kremlin, separado de Putin por vários metros, numa medida de distanciamento social por causa da pandemia da Covid-19.
O Presidente francês é o primeiro líder ocidental a encontrar-se com o chefe de Estado russo, desde que as tensões nas fronteiras ucranianas aumentaram em dezembro.
Na terça-feira, Macron parte para Kiev, para se encontrar com o seu homólogo ucraniano, Volodymyr Zelensky.
Na próxima semana, será a vez de o chanceler alemão, Olaf Scholz, repetir este roteiro, depois de reunir na segunda-feira com o Presidente dos EUA, Joe Biden, em Washington.
"A discussão pode dar início àquilo de que precisamos, que é desescalar", disse Macron, acrescentando que quer "evitar a guerra" e "construir os elementos de confiança, estabilidade e visibilidade para todos".
Vladimir Putin assegurou ter "a mesma preocupação (que o seu homólogo) relativamente à segurança na Europa", saudando os esforços das "autoridades francesas para resolver a questão" e "encontrar uma solução para a crise".
O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, disse na manhã desta segunda-feira que Macron prometeu chegar a Moscovo "com ideias para diminuir as tensões", reconhecendo que a situação é "demasiado complexa para que se possam esperar avanços decisivos após uma única reunião".
Durante a viagem de avião para Moscovo, Macron tinha explicado que quer trabalhar para encontrar "os pontos de desacordo e os possíveis pontos de convergência" entre o Ocidente e o Kremlin, sobre a tensa situação na Ucrânia.
O ministro dos Negócios Estrangeiros da Ucrânia, Dmytro Kuleba, ao receber esta segunda-feira em Kiev a sua homóloga alemã, Annalena Baerbock, insistiu que a Rússia não será capaz de "criar um fosso entre a Ucrânia e os seus aliados".
Macron prometeu a Kiev que não haveria "compromisso na questão ucraniana sem os ucranianos", prometendo encontrar soluções apenas depois de consultar todas as partes e mostrando-se sintonizado com os Estados Unidos, Reino Unido e Alemanha no que diz respeito à imposição de pesadas sanções económicas contra a Rússia, na eventualidade de uma invasão da Ucrânia.
Os serviços de informações dos EUA estimam que a Rússia já tem 70% da capacidade necessária para uma invasão em grande escala da Ucrânia e Macron avançou que o número de soldados posicionados nas fronteiras da Ucrânia, Rússia e Bielorrússia já superou os 125.000.