17 fev, 2022 - 19:46 • Lusa
As movimentações das forças russas, que decorrem em território nacional e no quadro de exercícios militares planeados, terminam "nos próximos dias", afirma o embaixador da Rússia em Portugal, Mikhail Kamynin.
"Todas as movimentações das forças russas estão a acontecer no território nacional e no quadro dos exercícios militares planeados, inclusive com os nossos aliados bielorrussos", disse o diplomata russo, à agência Lusa.
"O Presidente Vladimir Putin, o ministro da Defesa, Serguei Shoigu, e o ministro dos Negócios Estrangeiros, Serguei Lavrov, várias vezes sublinharam que acabados os exercícios, o que acontecerá no curto prazo, todas as forças que neles participam voltarão às suas localizações permanentes", declarou.
Mikhail Kamynin salientou que estes exercícios regulares "aliás realizam-se não só nas regiões ocidentais da Rússia, mas também orientais, no Pacífico, no mar Cáspio, etc." e que serão concluídos "já nos próximos dias".
"Por exemplo, os exercícios conjuntos com a Bielorrússia terão fim a 20 de fevereiro", precisou.
Questionado pela Lusa sobre se o número de militares russos concentrados ao longo da fronteira da Rússia com a Ucrânia nos últimos meses é realmente próximo de 140.000 soldados, como têm apontado os países membros da NATO (Organização do Tratado do Atlântico-Norte), Kamynin reiterou o que disse o Governo russo: que o Ocidente teve uma "reação histérica" aos acontecimentos na Ucrânia e junto das suas fronteiras e que "a informação que circula no espaço mediático sobre o número de efetivos que participam nestes exercícios não tem nada que ver com a verdade".
"É no mínimo estranho que os organizadores bem conhecidos da campanha de desinformação contra a Rússia nunca tenham mencionado que Kiev deslocou cerca de 130 mil militares para junto das suas fronteiras orientais", observou ainda.
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O embaixador russo insistiu também que "o caso ucraniano é só um elemento, embora importante, da atual situação de tensão", recordando que em meados de dezembro de 2021, a Rússia, "empenhada na resolução diplomática dos problemas que surgiram, propôs aos Estados Unidos e à NATO que fosse discutida a possibilidade de elaborar novos parâmetros de garantia da paz e estabilidade na região e de assinar os respetivos acordos bilaterais que tomariam em consideração as preocupações legítimas da parte russa quanto à sua segurança".
O diplomata refere-se às exigências feitas pelo Kremlin para reduzir a ameaça de conflito na região de que a Aliança Atlântica se comprometesse a não proceder a um alargamento a leste, não aceitasse a adesão da Ucrânia e que os destacamentos militares ocidentais retrocedessem até às fronteiras de 1997.
"Mas, infelizmente, os Estados Unidos e os seus aliados na NATO rejeitaram esta forma de trabalho conjunto e optaram por continuar a escalada mediática da situação em torno da Ucrânia e alegada concentração excessiva das forças russas junto das suas fronteiras orientais. O objetivo é bem visível -- menosprezar as propostas construtivas de Moscovo e continuar a política destinada a detê-las", sustentou.
Quanto à situação na região ucraniana de Donbass, onde as repúblicas separatistas de Donetsk e Lugansk pretendem o reconhecimento de Moscovo, o diplomata russo em Lisboa esclareceu que, embora a moção aprovada pelos deputados da Duma, favorável a tais pretensões separatistas, "reflita o que prevalece na opinião pública russa", essa questão só "pode ser resolvida exclusivamente através da aplicação dos acordos de Minsk, que preveem o diálogo direto de Kiev com Donetsk e Lugansk", e dos quais "a Rússia não faz parte".
"A tarefa de todos os patrocinadores do regime de Kiev é levar à mesa de conversações, e não inundar a Ucrânia com armas", defendeu.
"Como foi aparente nas recentes conversações em Moscovo do Presidente Vladimir Putin com o seu homólogo francês, Emmanuel Macron, e o chanceler alemão, Olaf Scholz, Paris e Berlim têm o entendimento claro da importância da realização na prática deste cenário", rematou o embaixador russo em Portugal.