17 fev, 2022 - 16:11 • Lusa
Os chefes de Governo e de Estado da União Europeia (UE) estiveram reunidos nesta quinta-feira em Bruxelas para avaliar a situação na Ucrânia e exigiram "provas visíveis e concretas" da contenção militar russa na fronteira ucraniana, anunciou o presidente do Conselho Europeu.
“Estamos firmes e determinados em defender os nossos valores, acompanhamos a situação numa base diária, de forma próxima, [...] e instamos a Rússia a reduzir as tensões. Precisamos de provas visíveis e concretas no terreno”, declarou o presidente do Conselho Europeu, Charles Michel.
Numa curta declaração à imprensa em Bruxelas, após o encontro informal entre os líderes da UE sobre a crise ucraniana, que durou menos de uma hora, o responsável explicou que, na ocasião, ficou assente a “unidade muito forte entre os Estados-membros, juntamente com a NATO [Organização do Tratado do Atlântico Norte]”.
"Foi também uma ocasião para expressarmos o nosso apoio à Ucrânia e para transmitirmos a mensagem de que acreditamos que devemos utilizar todos os instrumentos diplomáticos, todos os formatos diplomáticos, a fim de reduzir as tensões e resolver as dificuldades", adiantou Charles Michel.
Antes do encontro informal com os líderes dos 27, Charles Michel falou por telefone com o Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, para expressar a solidariedade europeia a Kiev, dadas as investidas russas.
Segue-se agora a cimeira com a União Africana, que decorre entre quinta e sexta-feira em Bruxelas.
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Da agenda do encontro informal, marcado na quarta-feira, fazia apenas parte uma discussão sobre a ameaça de uma agressão russa à Ucrânia ao nível dos líderes dos 27, entre os quais o primeiro-ministro António Costa, numa altura em que o Kremlin (Presidência russa) garante que concluiu algumas das manobras militares nas zonas fronteiriças, um anúncio recebido com cautela pela UE e pela NATO.
O encontro informal dos líderes da UE coincidiu com uma reunião de ministros da Defesa da NATO, que termina nesta quinta-feira, e na qual Portugal está representado por João Gomes Cravinho.
O Ocidente acusa a Rússia de ter concentrado mais de 100.000 tropas nas fronteiras da Ucrânia para invadir novamente o país vizinho, depois da anexação da Crimeia em 2014.
Nas últimas horas, os Estados Unidos acusaram a Rússia de ter aumentado o contingente militar na fronteira com a Ucrânia em sete mil tropas nos últimos dias, apesar de Moscovo ter anunciado uma retirada parcial das forças aí destacadas.
As novas estimativas colocariam o número de forças russas próximo das 150 mil, número citado pelo Presidente norte-americano, Joe Biden, num discurso transmitido na televisão no início desta semana.
A Rússia nega qualquer intenção bélica, mas exige garantias para a sua segurança, incluindo uma promessa de que a Ucrânia nunca será membro da NATO, uma exigência liminarmente rejeitada pelo Ocidente, que propôs em troca conversações com Moscovo sobre outros assuntos de segurança, como o controlo de armas ou visitas recíprocas a infraestruturas sensíveis.
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O Governo britânico alertou nesta quinta-feira que a Rússia quer "testar a resistência" do Ocidente, prolongando a presença de militares na fronteira com a Ucrânia, insistindo que Moscovo está a reforçá-la e não a reduzi-la como prometeu.
Num artigo publicado no jornal “The Telegraph”, a ministra britânica dos Negócios Estrangeiros, Liz Truss, indicou que não se deve ser levado por uma "falsa sensação de segurança" depois de a Rússia ter indicado que tinha começado a retirar alguns dos seus militares.
"Não devemos deixar-nos levar por uma falsa sensação de segurança por parte da Rússia, que afirma que alguns militares estão a regressar aos seus quartéis, enquanto, de facto, o que acontece é que a acumulação militar russa não mostra sinais de abrandamento", disse Truss.
"Não há provas de que os russos estejam a retirar-se das regiões fronteiriças perto da Ucrânia", insistiu.
A mesma mensagem deixou o ministro da Defesa do Reino Unido, Ben Wallace, afirmando que a Rússia ainda não começou a retirar as suas tropas em torno da Ucrânia, e continua a reforçar essa presença, referindo-se mesmo à construção de uma ponte entre a Bielorrússia e as proximidades da Ucrânia.
"Vemos o oposto de algumas das declarações (feitas pela Rússia). Temos visto um aumento de tropas nas últimas 48 horas, até 7.000 soldados, vimos uma ponte construída da Bielorrússia para a Ucrânia ou perto da Ucrânia", disse à chegada à reunião dos ministros da Defesa da NATO que decorre em Bruxelas.
Sem abandonar a frente da diplomacia, Londres diz, através da sua ministra dos negócios Estrangeiros, que a Rússia poderia prolongar a situação atual por "semanas, se não meses, desafiando a unidade ocidental".
Tuss inicia hoje uma visita à Ucrânia e à Polónia e espera encontrar-se com os seus homólogos ucraniano, Dmitro Kuleba, e o polaco, Zbigniew Rau, para "demonstrar apoio unânime à soberania da Ucrânia" dos países europeus, segundo um comunicado do Ministério dos Negócios Estrangeiros.
No sábado, a ministra estará presente na Conferência de Segurança de Munique, onde reforçará os laços com os aliados estratégicos do Reino Unido, acrescentou o ministério.