21 fev, 2022 - 16:20 • Lusa
O embaixador de Portugal em Angola atribuiu responsabilidades na demora em fazer o agendamento para pedido de vistos a intermediários que bloqueiam as vagas, mas sublinhou que o consulado tem feito "grandes esforços" para contrariar os atrasos.
Pedro Pessoa e Costa, que parte de Angola no dia 28 de fevereiro, falava aos jornalistas após ser recebido em audiência pelo Presidente angolano, João Lourenço, de quem se despediu esta segunda-feira.
Questionado sobre as queixas dos angolanos relativamente ao agendamento e obtenção dos vistos para Portugal, admitiu que a procura de vistos "é muito grande e o consulado tem de processar os vistos, nomeadamente os vistos Schengen, em concertação e coordenação com o espaço Schengen", o que implica alguma demoras.
"O consulado tem uma atividade enorme, quase equivalente a sete consulados em França, mas também trata pedidos de vistos para outros países da União Europeia e o trabalho é muito", justificou.
Mas grande parte dos problemas, nomeadamente a nível do agendamento, adiantou, tem a ver com o facto de as vagas disponibilizadas serem utilizadas por alguns intermediários que limitam o acesso dos utentes.
Ainda assim, segundo o diplomata, "fruto do trabalho e esforço dos funcionários do consulado", estes vistos têm vindo a ser emitidos sem grandes atrasos, nomeadamente os de saúde, de estudo e visita a familiares residentes, enquanto os vistos de turismo estão suspensos pelo espaço Schengen.
Pedro Pessoa e Costa alertou que todos os pedidos de visto que seguem a tramitação normal devem ser entregues "devidamente organizados" e com as informações e documentação necessárias, pelo que não "haverá razão para grandes atrasos" e alguns vistos têm sido até aprovados em cinco dias, se todo o processo estiver preparado de forma correta.
O diplomata assinalou que não compete à embaixada tomar ações contra os intermediários, já que estes continuarão a existir sempre que houver angolanos que a eles recorram em vez de apresentarem o seu próprio processo, apelando a que sempre que "houver custos acrescidos ou aquilo que se chama as "gasosas" (subornos), digam não porque é corrupção".
No final desta missão, Pedro Pessoa e Costa disse ter tido dois anos "de atividade intensa", mesmo em período de pandemia, já que a relação entre Portugal e Angola toca em todas as áreas de cooperação, sublinhou, tendo passado em revista questões de defesa, justiça, educação e saúde no encontro com o Presidente.
"É uma relação que toca todos os setores e, por isso, exigente", frisou.
"Ao fim de dois anos saio com a sensação de ter feito tudo o que devia ter feito para o reforço desta relação", afirmou, considerando os angolanos como um povo "resiliente" e "extraordinário" que merece a aposta das empresas portuguesas.
O diplomata, que vai assumir a Embaixada de Portugal na Noruega, salientou ainda que o país africano lhe vai deixar saudades.
"Deixo Angola com muitas saudades e isso é culpa dos angolanos. Rapidamente, me senti em casa e as saudades vão ser muitas, seja dos angolanos, seja do jindungo (piri-piri), seja da paracuca (amendoim com açúcar), seja do pôr do sol, fico com saudades deste povo que tem esta capacidade de nos fazer sentir em casa", declarou.