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Ucrânia

"A mala está pronta" e o passaporte no bolso. Português em Kiev "impaciente" com a escalada da crise

22 fev, 2022 - 13:19 • Henrique Cunha

Edgar Cardoso trabalha para um clube originário de Donetsk, mas revela que nunca esteve na cidade, pois o Shakhtar assentou arraiais em Kiev há oito anos.

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Edgar Cardoso é coordenador do Futebol de formação do Shakhtar, e está em Kiev há cerca de ano e meio. O português revela à Renascença que "está impaciente" com o evoluir da crise entre Ucrânia e Rússia.

O elemento do Shakthar - clube de Donetsk que teve de abandonar a cidade, devido ao conflito - confessa que "não está absolutamente tranquilo" e revela que a sua família já viajou para Portugal "há cerca de duas semanas".

Quanto à sua situação, o treinador de futebol declara estar preparado para todas as possibilidades.

"A mala está feita e o passaporte está anda sempre comigo, se acontecer alguma coisa de um momento para o outro ou faço-me à estrada, ou arranco para o aeroporto e tento arranjar o voo mais rápido", conta.

Edgar Cardoso trabalha para um clube originário de Donetsk, mas revela que nunca esteve na cidade.

Por força da instabilidade provocada pelos movimentos separatistas, o Shakhtar assentou arraiais em Kiev vai para oito anos. O treinador diz que os ucranianos já se habituaram à situação e assegura que consegue trabalhar com estabilidade.

"Trabalho obviamente com treinadores ucranianos que são de Donetsk e que viveram esta situação, porque aquilo que se está a viver agora já aconteceu há oito anos atrás. Com menos divulgação ao nível dos média, mas aconteceu uma coisa em tudo semelhante e mais grave ainda porque houve confrontos e grandes", refere.

"É estranho para mim ver que trabalho aqui com treinadores que mantêm as suas familias lá, num ambiente em que, desde 2014, há tiroteiros todos os dias, há pessoas que morrem praticamente todos os dias e eles continuam a viver em Donetsk numa aparente acalmia. Para mim é estranho, mas os ucranianos vivem neste clima há muitos anos", acrescenta.

E fruto dessa instabilidade na região de Donetsk, Edgar Cardoso relata que os jogadores de formação oriundos da cidade têm dificuldades em visitar a terra natal.

"As famílias mantiveram-se em Donetsk, porque trabalham lá, e, por exemplo, nas pausas de Natal ou de Verão eles para irem a casa têm que ir a uma fronteira com a Rússia, mais a norte, entrar no território russo , descer a sul e entrar em Donetsk, via Rússia", detalha.

Neste tesmunho à Renascença, a partir de Kiev, Edgar Cardoso diz que a academia do Shakhtar está preparada para diferentes cenários. E numa situação de conflito generalizado as equipas de formação do clube podem ter de voltar a fazer malas para uma zona próxima da fronteira com a Polónia.

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