26 fev, 2022 - 08:57 • Lusa
As alterações climáticas podem estar a provocar chuvas extremas no Brasil, reforçando o alerta no país onde eventos como a tempestade devastadora que atingiu a cidade de Petrópolis há 11 dias se têm tornado mais frequentes nos últimos anos.
"Estas chuvas junto com outros eventos extremos no Brasil, como uma onda de calor extrema no sul do Brasil, registada em janeiro nos estados do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina, assim como uma onda de frio que atingiu em junho passado também o Rio Grande do Sul e Santa Catarina, indicam um aumento de intensidade dos fenómenos naturais e isto já é uma consequência das mudanças climáticas", afirmou à Lusa Pedro Luiz Cortês.
O professor do Instituto de Energia e Ambiente da Universidade de São Paulo disse que estes desastres causados pelas chuvas evidenciam que o país já enfrenta as repercussões das alterações climáticas.
"Em alguns lugares, o volume de chuva tem sido muito acima do normal e não tem afetado uma região específica como acontecia no passado. No caso da Bahia e de Minas Gerais, [a chuva] atingiu boa parte dos dois estados, o que não era usual (...) E, agora, tivemos esta chuva impressionante em Petrópolis", acrescentou o também professor convidado da portuguesa Universidade do Porto.
Localizada na região serrana do estado brasileiro Rio de Janeiro, Petrópolis é uma zona turística conhecida como 'cidade imperial' por ter sido fundada pelo Imperador D. Pedro II, que acabou parcialmente destruída no dia 15 ao ser atingida pela mais intensa tempestade registada desde 1932, segundo as autoridades locais.
O Centro Estadual de Monitoramento e Alerta de Desastres Naturais (Cemadem) informou que no total das 24 horas do dia do desastre, Petrópolis registou a queda de 260 milímetros de chuva. A média de chuva da cidade para todo o mês de fevereiro é de cerca de 185 milímetros.
Além da 'cidade imperial', o Brasil registou chuvas extremas em diferentes áreas entre o final de dezembro e fevereiro, período de verão no hemisfério sul, que causaram, pelo menos, 308 mortes.
Este total leva em conta apenas óbitos provocados por inundações e deslizamentos de terra devido à chuva nos estados da Bahia (27 mortes), Minas Gerais (30 mortes), São Paulo (34 mortes) e na cidade de Petrópolis, que já contabilizou 217 vítimas mortais e 33 desaparecidos.