24 fev, 2022 - 16:30 • Inês Braga Sampaio
Os líderes do Ocidente têm condenado as ações da Rússia, com sanções à mistura e manifestado o seu apoio e solidariedade para com a Ucrânia, durante o escalar de tensões na fronteira de Donbass.
Porém, até agora, a intervenção internacional sobre o conflito na Ucrânia resume-se a isso. O que é necessário para que se passe das palavras aos atos e o "fantasma" de uma III Guerra Mundial se materialize? É possível, sequer, que isso aconteça?
No que diz respeito à Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO), a resposta foi dada, já esta quinta-feira, pelo primeiro-ministro português, numa conferência de imprensa marcada para depois da reunião com o ministro dos Negócios Estrangeiros, o ministro da Defesa e o Chefe do Estado-Maior-General das Forças Armadas, que ocorreu por volta das 9h00.
"Que fique claro que a NATO não vai intervir na Ucrânia, apenas poderá levar a cabo missões de dissuasão em países da NATO que fazem fronteira com a Ucrânia, e Portugal vai participar nessas ações", vincou António Costa.
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O próprio Presidente norte-americano, Joe Biden, já garantiu que não enviará tropas para a Ucrânia sob quaisquer circunstâncias.
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Rússia e EUA têm, entre eles, mais de 8.000 ogivas nucleares. Na Guerra Fria, referia-se que um aquecer de tensões entre ambos significaria "Mutually Assured Destruction", ou "Destruição Mutuamente Assegurada" em português, também abreviado para "MAD".
"MAD" é um princípio de dissuasão baseado na noção de que um ataque nuclear por parte de uma superpotência seria correspondido com um contra-ataque nuclear e um escalar de conflito tais que tanto o atacante como o defensor acabariam por ser aniquilados.
Neste momento, parece que só se a Rússia ameaçar algum Estado-membro da NATO é que haverá ação militar internacional.
O Artigo 5 da NATO decreta que a organização é obrigada a defender qualquer Estado-membro que seja atacado. Nesse sentido, a Ucrânia poderia forçar a mão dos aliados se conseguisse juntar-se à NATO, como pretende, algo que Putin tenciona, naturalmente, evitar.
A Ucrânia é, de resto, dos poucos países da região que ainda não pertencem à NATO. Estónia, Letónia, Lituânia ou Polónia, outrora sob domínio soviético, já estão integrados na aliança atlântica.
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Esses países temem que a Rússia decida estender o seu saudosismo soviético e usar, por exemplo, o pretexto de auxiliar minorias étnicas russas nos Balcãs para invadi-los. Isso forçaria a NATO a intervir.
Aliás, a aliança já interveio, de certa forma, ao reforçar os aliados no flanco oriental. EUA já colocaram cerca de 6.000 militares suplementares na Roménia, Polónia e Alemanha.
Os líderes ocidentais já anunciaram sanções a Moscovo e preparam novos pacotes cada vez mais pesados. A Rússia poderá retaliar, nomeadamente com ciberataques a bancos, empresas, organizações governamentais ou indivíduos. Contudo, esses serão sempre difíceis de atribuir ao Governo russo, a não ser que o próprio Putin reivindique os ataques.
Neste momento, portanto, ainda que não seja impossível, é muito difícil que o conflito militar entre Rússia e Ucrânia se alastre internacionalmente e que, em última instância, estale uma III Guerra Mundial.