28 fev, 2022 - 07:50 • Miguel Coelho , Olímpia Mairos
Rússia e Ucrânia iniciam esta segunda-feira negociações na Bielorrússia. A informação foi confirmada pela agência de notícias russa Tass e pelo jornal norte-americano "The New York Times".
A disponibilidade para o diálogo abre, assim, uma possibilidade para o fim da invasão russa, iniciada na madrugada de quinta-feira, mas a esperança parece não ser muita.
As negociações vão decorrer na fronteira com a Bielorrússia, junto ao rio Pripyat, que, poucos quilómetros mais a sul, passa junto à antiga central nuclear de Chernobyl.
Inicialmente terá sido proposta a cidade Bielorrússia de Gomel - a agência TASS chegou a divulgar até uma imagem da sala preparada para a reunião com dez cadeiras de cada lado, e um lado a bandeira russa, do outro a ucraniana. Mas os ucranianos terão optado pelo posto de controlo fronteiriço de Aleksandrovka-Vilcha e outra agência russa, a RIA, já divulgou a imagem de outra sala com uma mesa igualmente longa e com microfones e garrafas de água a postos para as negociações.
Moscovo assegurou que iria ser garantida a proteção da delegação ucraniana. E pela estrada mais direta desde Kiev seriam cerca de 150 km, mas é uma zona controlada pela Rússia e por isso apesar das garantias de Moscovo os ucranianos anunciaram que viajaram por uma rota alternativa.
Segundo a imprensa bielorrussa, a delegação ucraniana já chegou, esta manhã, e no local aguarda-se apenas o início das negociações.
O ministério das Relações Exteriores da Bielorrússia publicou no Twitter uma foto da sala preparada para receber as delegações.
A maioria dos observadores internacionais não acredita em grandes resultados desta reunião e a Rússia também não parece disposta ainda a abrandar a ofensiva. Aliás, os sinais têm sido mesmo em sentido contrário.
A Ucrânia também parece não querer fazer cedências, numa altura em que está a conseguir impor maior resistência às tropas russas do que muitos poderiam supor, numa altura é que o apoio internacional à causa ucraniana é cada vez maior.
O próprio presidente ucraniano disse ter muitas dúvidas sobre a utilidade destas negociações, mas aceitou-as para quem ninguém pudesse dizer que não tentou pôr fim à guerra pela via diplomática.
Mas exigiu que os aviões, helicópteros e mísseis em território do país permaneçam em terra até os representantes ucranianos regressarem.
Se é verdade que na última noite se registou uma maior acalmia na região de Kiev, ao final da madrugada voltaram a ouvir-se explosões.
No domingo, imagens de satélite mostraram uma enorme movimentação de forças russas a caminho da capital, uma coluna de cinco quilómetros de viaturas militares, incluindo tanques e outras viaturas de combate.
Há também notícias de novos bombardeamentos na segunda maior cidade do país e em Chernihiv, que fica a cerca de 150 quilómetros a nordeste da capital, isto para além de fortes no Sul do país.