02 mar, 2022 - 19:08 • André Rodrigues
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O Presidente francês garante que nem a Europa nem a NATO estão em guerra contra a Rússia.
Numa mensagem de cerca de 15 minutos, transmitida pelas televisões, Emmanuel Macron voltou a condenar a opção de Moscovo por invadir a Ucrânia e admitiu que “os próximos dias, provavelmente, serão ainda mais difíceis” no terreno de combate e, também, na frente diplomática.
“Não estamos em guerra contra a Rússia. Sabemos o que nos une ao povo russo que se sacrificou tanto durante a Segunda Guerra Mundial. Estamos com os russos que hoje têm a coragem de defender a paz e que não aceitam que esta guerra seja travada em seu nome”, acrescentou Macron.
O chefe do Estado francês realçou, ainda, os esforços que tem feito ao nível diplomático, justificando a necessidade de manter conversações, tanto com Kiev como com Moscovo: “se troco constantemente com Zelensky, também optei por manter contacto com o presidente Putin para convencê-lo a desistir das armas, evitar ao máximo o contágio e o aprofundamento do conflito”.
Quanto aos refugiados, serão, nesta altura, cerca de 900 mil, após uma semana de conflito. Macron assegura que todos "serão bem acolhidos" em solo europeu.
Para Emmanuel Macron é fundamental insistir na exigência de um cessar-fogo.
“Nem a França, nem a Europa, nem a aliança atlântica quiseram esta guerra. Estou em constante diálogo com Vladimir Putin desde 2017. O presidente dos Estados Unidos manifestou sua disponibilidade para negociar. É, portanto, muito só e deliberadamente que, renunciando um a um aos compromissos assumidos perante a comunidade das nações, o Presidente Putin escolheu a guerra”.
Macron voltou a apelar, ainda, aos franceses ainda na Ucrânia para que saiam “o mais rápido possível”, atendendo ao agravamento galopante da situação de segurança no terreno.
No plano económico, o Presidente francês sublinhou a necessidade de uma "mudança de modelo", menos dependente da Rússia, por exemplo, em matéria de fornecimento energético.
"Nesta dificuldade, a nossa Europa demonstra uma unidade notável" mas tem de "pagar o preço pela paz, pela liberdade e pela democracia. Deve investir mais para depender menos dos outros e se tornar um poder mais independente, mais soberano. É por isso que vou defender uma estratégia de independência energética europeia".
Para o Presidente francês, "as consequências económicas vão agravar-se" e este conflito "é um sinal de uma mudança de época".
Também ao nível da defesa comum, Macron defende um "poder de paz".
Não podemos depender de outros para nos defender. A nossa defesa europeia deve dar um novo passo”, conclui.