05 mar, 2022 - 11:12 • Daniela Espírito Santo com Lusa
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O presidente da Câmara de Mariupol garantiu que a evacuação de Mariupol foi adiada, uma vez que não estão reunidas condições para retirar a população em segurança.
Serhiy Orlov, em entrevista à BBC News, assegura que o cessar-fogo não está a ser cumprido pelas tropas russas.
"Inicialmente, as pessoas disseram que os tiroteios pararam um pouco, mas depois continuaram. Eles continuam a utilizar artilharia e rockets para bombardear Mariupol. As pessoas estão muito assustadas", diz.
As autoridades terão, segundo Orlov, recebido informação de que haveria lutas ao longo do corredor humanitário criado até Zaporizhzhia", facto que torna a evacuação insegura.
"O cessar-fogo não é real do lado russo. Continuam a destruir Mariupol. Decidimos trazer as pessoas de volta porque não é seguro estar nas ruas", é dito. "É impossível retirar pessoas", conclui.
A Rússia anunciou, este sábado, um cessar-fogo temporário, a partir das 7h00, para a abertura de corredores humanitários que permitam a retirada de civis das cidades ucranianas de Mariupol e Volnovaja. No entanto, a câmara municipal de Mariupol garante que o cessar-fogo não está a ser respeitado pelo lado russo.
Eis por onde passa o corredor humanitário que foi criado: Mariupol - Nikolske - Rozivka - Polohy - Orikhiv - Zaporizhzhia.
Apenas 400 pessoas foram retiradas de Volnovakha e zonas limítrofes durante o curto cessar-fogo deste sábado, adiantam as autoridades ucranianas, citadas pela BBC.
O plano original era o de retirar pelo menos 15 mil pessoas daquela região, mas, de acordo com o governador regional, Pavlo Kyrylenko, aconteceu naquela cidade a mesma coisa que aconteceu em Mariupol. "Tínhamos transporte preparado para retirar mais pessoas, mas tivemos de parar porque os russos começaram novamente a atacar Volnovakha sem tréguas. Era muito perigoso movermo-nos", garantiu.
"Hoje, 5 de março, é anunciado um cessar-fogo a partir das 10h00, hora de Moscovo, e a abertura de corredores humanitários para a saída de civis de Mariupol e Volnovaja", disse o Ministério da Defesa russo.
Antes, o autarca de Mariupol tinha afirmado que o porto estratégico de Mariupol se encontrava "sob bloqueio" e era alvo de "ataques impiedosos" do exército russo.
Marioupol, cidade com cerca de 450 mil habitantes junto ao mar de Azov, no leste da Ucrânia, está "sob bloqueio" e é, há cinco dias, alvo de "ataques impiedosos", escreveu Vadim Boitchenko no Telegram.
"A nossa prioridade é conseguir um cessar-fogo para que possamos restabelecer as infraestruturas vitais e criar um corredor humanitário para fazer chegar alimentos e medicamentos à cidade", acrescentou.
O controlo de Mariupol é estratégico para a Rússia, uma vez que permitiria garantir uma continuidade territorial entre as forças vindas da Crimeia e as que chegam dos territórios separatistas pró-russos da região de Donbass.
A Rússia lançou, na madrugada de 24 de fevereiro, uma ofensiva militar à Ucrânia e as autoridades de Kiev contabilizaram, até ao momento, mais de 2.000 civis mortos, incluindo crianças. Segundo a ONU, os ataques já provocaram mais de 1,2 milhões de refugiados.
A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas para isolar ainda mais Moscovo.
[notícia atualizada às 15h43 de sábado, 5 de março de 2022]