07 mar, 2022 - 22:19 • Susana Madureira Martins
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Em entrevista à Renascença, Eurico Brilhante Dias revela que dentro de dias irão partir para Varsóvia e para Bucareste duas equipas do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras e do Instituto de Emprego e Formação Profissional para prepararem o acolhimento de pessoas em fuga
Parte esta terça-feira para Varsóvia para fazer, exactamente, o quê?
O governo português vai mostrar ao governo polaco a sua disponibilidade para fazer o acolhimento de refugiados que, no essencial, têm vindo a passar pela fronteira polaca, que, aliás, é a fronteira com a Ucrânia por onde têm passado mais ucranianos que, infelizmente, vivem esta circunstância tão difícil, e também visitar algumas entidades da sociedade civil que têm estado a trabalhar com os refugiados que atravessam da Ucrânia para a Polónia.
Temos também um contacto com as empresas portuguesas locais, algumas delas têm sido já parceiras da embaixada e do trabalho que temos feito na lógica de acolhimento e de encontrar uma boa solução, enquadrando esse esforço naquilo que tem sido um esforço entre nós: o Alto Comissariado para as Migrações e muitas câmaras municipais que têm, com as suas comunidades imigrantes de ucranianos e ucranianas, saído de Portugal à procura de ter uma solução de transporte para trazer as pessoas.
Hoje mesmo já regressou de Varsóvia um veículo da câmara da Guarda, a câmara de Loulé saiu hoje a caminho também de Varsóvia, a câmara de Leiria em direção à Hungria já está no caminho de regresso, a câmara de Tomar que saiu hoje também para Cracóvia, que em parceria com uma associação ucraniana foi acolher um conjunto de 50 pessoas que virão para Portugal.
Temos feito um trabalho com as câmaras municipais de Lisboa, Cascais, Santa Maria da Feira, Olhão, que têm procurado soluções de transporte que depois são coordenadas connosco e com a embaixada da Polónia.
Depois destes contactos em Varsóvia o que é que é previsível que aconteça?
Estamos a preparar, na sequência do que o Governo determinou em Conselho de Ministros, que constituíriamos duas equipas, uma em Varsóvia, outra em Bucareste e vamos enviar quatro pessoas para Varsóvia, duas pessoas do SEF e duas pessoas do IEFP e ao lado estarão os serviços consulares. O mesmo perfil de equipas estará em Bucareste.
Amanhã mesmo [terça-feira] irá decorrer mais uma reunião tripartida entre o MNE, o MAI e o Ministério do Trabalho para preparar as equipas que se vão deslocar para podermos ter o melhor serviço para estas comunidades tão sofridas e a partir dali preparar o acolhimento sempre com uma cooperação extraordinária das câmaras municipais.
Ainda hoje [segunda-feira] chega a Lisboa uma caravana com 22 ucranianos, chegará de madrugada, a expectativa é que amanhã chegue um veículo da câmara municipal da Guarda, um de Leiria com chegada para amanhã, o mais provável é que tendo ido para a Hungria ainda passe por Itália e possam pernoitar. Há aqui um movimento nacional que passa por acolher o maior número de refugiados e de acolher bem.
É possível fazer contas aos refugiados ucranianos que já chegaram a Portugal?
Ainda ontem chegou um grupo de 43 a Lisboa, tivemos vários casos. Ainda ontem, ppor exemplo, tive o caso de um médico das Caldas da Rainha que foi buscar a família à fronteira polaca.
Para além disso, no fim-de-semana teremos trabalhado com cerca de uma dezena de autocarros, entre aqueles que já tinham saído, que saíram e que ainda vão sair, uma dezena de autocarros que saiu do país, por isso a nossa expectativa é que, por esta via, algumas centenas vão chegando entre hoje, amanhã e nos próximos dias.
Sabemos que, de forma informal, chegam muitos outros que se dirigem aos centros preparados pelo Alto Comissariado para as Migrações e que terão enquadramento familiar, para outros é preciso encontrar alojamento e para isso os meus colegas do Ministério da Presidência estão a trabalhar.
Ainda há portugueses na Ucrânia a quererem regressar?
Sim, ainda hoje tivemos notícia que uma família de luso-ucranianos que estava em Kharkiv conseguiu sair em direção à fronteira. Temos outros dois casos que passaram já a fronteira da Moldávia e que virão, seguramente, por Bucareste para Portugal por via aérea ou terrestre. Portanto, diria que continuamos com alguns portugueses que querem sair, aproximadamente 30.
Naturalmente, há outros que decidem não sair e há também um conjunto de outros que mantêm a decisão suspensa e não decidiram nem vir, nem ficar. Estarão, aproximadamente, entre 35 a 40 que querem sair e os corredores humanitários podem ou devem ser a solução que permite a essas pessoas sair em caravanas humanitárias organizadas por instituições internacionais e que, chegando à fronteira, nós, naturalmente, vamos poder ajudar a chegar a Portugal e encontrar soluções.
A larga maioria encontra soluções próprias para chegar a Portugal. Acompanhámos várias pessoas até à fronteira e que chegando à fronteira pelos seus próprios meios chegaram a Portugal. Nós fazemos uma intervenção essencialmente para aqueles que estão com grandes dificuldades e não conseguem meios próprios de chegar a Portugal.