10 mar, 2022 - 23:38 • Lusa
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A Covid-19 terá provocado 18,2 milhões de mortes no mundo até 31 de dezembro, cerca de três vezes mais do que os números oficiais, estima um estudo publicado esta quinta-feira na revista científica The Lancet.
"Apesar de terem sido reportadas, entre 1 de janeiro de 2020 e 31 de dezembro de 2021, um total de 5,94 milhões de mortes, estimamos que 18,2 milhões morreram em todo o mundo devido à pandemia de Covid-19 - medida pelo excesso de mortalidade - durante esse período", adianta a investigação já revista por pares.
Em relação a Portugal, o estudo indica 19.000 mortes reportadas por Covid-19 até 31 de dezembro, uma taxa de mortalidade por Covid-19 reportada por 100 mil pessoas de 94.8 e um excesso de mortes estimado de 40.400.
A investigação avança ainda que as taxas de mortes em excesso variaram amplamente entre regiões, embora o número de óbitos resultantes da pandemia tenha sido muito maior particularmente no sul da Ásia e na África Subsaariana do que os registos oficiais indicam.
"Estima-se que o excesso de mortalidade seja de 120 mortes por 100.000 habitantes em todo o mundo e que 21 países tenham taxas de mais de 300 mortes em excesso por 100.000 habitantes", adiantam as conclusões da investigação.
As maiores taxas estimadas de mortes em excesso registaram-se na América Latina (512 mortes por 100.000 habitantes), Europa Oriental (345 mortes), Europa Central (316), África Subsaariana do Sul (309) e América Latina Central (274).
Em sentido contrário, os dados publicados na The Lancet indicam que alguns países tiveram menos mortes do que o esperado com base nas tendências de mortalidade em anos anteriores, caso da Islândia (48 mortes a menos por 100.000), a Austrália (38 mortes) e Singapura (16).
Ao nível dos países, o maior número estimado de mortes em excesso ocorreu na Índia (4,1 milhões), EUA (1,1 milhão), Rússia (1,1 milhão), México (798.000), Brasil (792.000), Indonésia (736.000) e Paquistão (664.000).
"Esses sete países podem ter sido responsáveis por mais da metade das mortes em excesso globais causadas pela pandemia durante o período de 24 meses", refere.
A distinção entre os óbitos causados diretamente pela Covid-19 e aqueles que ocorreram como resultado indireto da pandemia é crucial, salientam os autores da investigação.
"Entender o verdadeiro número de mortes da pandemia é vital para uma tomada de decisão eficaz em saúde pública. Estudos de vários países, incluindo a Suécia e os Países Baixos, sugerem que a Covid-19 foi a causa direta da maioria das mortes em excesso, mas atualmente não temos dados suficientes para a maioria dos locais", adiantou Haidong Wang, do Institute for Health Metrics and Evaluation e autor principal do estudo.