15 mar, 2022 - 18:00 • Carla Fino, com redação
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A partir da Hungria, o Programa Alimentar Mundial (PAM) está a preparar uma gigantesca operação de ajuda a quem foi apanhado pela guerra, prevista para ajudar pelo menos três milhões de ucranianos.
Precisamente na Hungria, a ajudar a montar essa operação, está o português Pedro Matos, que pertence à ajuda de emergência do Programa Alimentar Mundial.
Em declarações à Renascença, Pedro Matos diz que este conflito já está a ter um impacto muito grande na organização, sobretudo no acesso aos cereais, a base da alimentação de muitas populações mundiais.
“A Ucrânia e a Rússia exportam 30% dos cereais mundiais, os dois países representam metade das compras de cereais do PAM, o que quer dizer que com a falta de acesso da Ucrânia ao Mar Negro ou com as sanções à Rússia, tivemos que ir comprar comida a outros sítios. Estamos neste momento a gastar cerca de 70 milhões de dólares a mais, por mês, no aumento do custo.”
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“Em média, alimentamos uma pessoa com 15 euros por mês, o equivalente a meio euro por dia. Portanto, ao aumentar o preço dos cereais a nível global isto significa que vai ser mais caro alimentar estas pessoas e vamos alimentar menos pessoas com o mesmo dinheiro”, explica.
À Renascença, Pedro Matos diz que a prioridade nesta altura é o trabalho em três frentes da guerra na Ucrânia, uma das quais é mais complicada e prendem-se com a ajuda às populações sitiadas.
“Temos que trabalhar essas três frentes: nos refugiados nos países à volta, nas populações deslocadas internas para ver se elas não se tornam refugiadas e se as podemos ajudar nos sítios onde elas estão deslocadas e, depois, a ajuda às populações sitiadas, o que tem que ser negociado com quem quer que esteja a dominar essas zonas”, afirma.
O português do Programa Alimentar Mundial sublinha que, "como a Ucrânia é um celeiro mundial, há muitos desses sítios que têm reservas de cereais”.