19 mar, 2022 - 11:57 • Lusa
O Ministério da Defesa britânico alertou este sábado para um possível aumento das baixas civis na guerra na Ucrânia devido a uma mudança de estratégia dos militares russos.
Numa atualização da informação militar divulgada no Twitter, a Defesa do Reino Unido disse que os militares russos foram obrigados a mudar a sua abordagem operacional na Ucrânia e estão agora a seguir uma “estratégia de desgaste”.
“Isto é suscetível de envolver o uso indiscriminado do fogo, resultando no aumento das baixas civis, na destruição das infraestruturas ucranianas e na intensificação da crise humana”, segundo o relatório citado pela agência espanhola EFE.
Os combates na Ucrânia, que entraram hoje no 24.º dia, provocaram um número ainda por determinar de baixas civis e militares.
A ONU confirmou a morte de 816 civis até quinta-feira, incluindo 59 crianças, mas tem alertado que os números reais “são consideravelmente mais elevados”.
No relatório divulgado hoje, o Ministério da Defesa britânico considerou que a Rússia ainda não atingiu nenhum dos seus objetivos iniciais na Ucrânia e que as suas tropas foram surpreendidas pela “escala e ferocidade” da resistência ucraniana.
A Defesa britânica disse ainda que o Presidente russo, Vladimir Putin, “apertou o seu controlo sobre os meios de comunicação social” na Rússia.
“O Kremlin [Presidência] está a tentar controlar a narrativa, minimizar os problemas operacionais e obscurecer o elevado número de baixas russas”, segundo a Defesa britânica.
Numa entrevista divulgada hoje, a chefe da diplomacia britânica, Liz Truss, advertiu que a Rússia poderá estar a usar as conversações de paz com a Ucrânia como uma “cortina de fumo” para reagrupar tropas para uma nova ofensiva.
“Se um país leva as negociações [de paz] a sério, não bombardeia indiscriminadamente os civis”, disse Truss na entrevista ao jornal britânico The Times, citada pela EFE.
Truss admitiu que cabe ao Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, escolher a forma como o seu país aborda as conversações de paz.
“É claro que a Ucrânia é uma nação soberana e tem todo o direito de empreender qualquer processo de negociação como achar conveniente”, afirmou.
No entanto, disse estar “muito cética” sobre as negociações e insistiu que se assiste a uma tentativa de “criar espaço” para as tropas russas se reagruparem.
“Não vemos qualquer retirada séria das tropas russas ou quaisquer propostas sobre a mesa”, referiu.
A guerra na Ucrânia foi desencadeada pela Rússia, que lançou uma ofensiva militar contra o país vizinho em 24 de fevereiro.
Além de baixas civis e militares, a guerra também provocou mais de 3,2 milhões de refugiados, na pior crise do género na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
Segundo as Nações Unidas, cerca de 13 milhões de pessoas necessitam de assistência humanitária na Ucrânia.
A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e impôs sanções económicas e políticas a Moscovo.