21 mar, 2022 - 09:18
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O chefe da diplomacia europeia defende que a Rússia está a cometer em Mariupol “um crime de guerra” e disse que o Presidente “Putin merece a mais forte condenação do mundo civilizado”.
“A Rússia está a cometer muitos crimes de guerra, é esse o termo, tenho de o dizer. O que se está a passar em Mariupol é um crime de guerra em massa. Estão a destruir tudo, a bombardear e a matar todos, de uma forma indiscriminada. Isto é algo horrível que temos de condenar nos termos mais fortes. É um crime de guerra em massa”, afirmou Josep Borrell, à entrada para uma reunião de ministros dos Negócios Estrangeiros da União Europeia, em Bruxelas.
Apontando que a cidade de Mariupol, no sudeste da Ucrânia, “vai ser completamente destruída, e as pessoas lá estão a morrer”, Josep Borrell, questionado pelos jornalistas sobre a utilização de mísseis hipersónicos pelo exército russo, disse que “sim, a Rússia está a usar todas as suas capacidades militares, e o problema é que estão a usá-las contra os civis”.
“Não é uma guerra, é a destruição em massa de um país sem qualquer consideração pela lei da guerra. Porque a guerra também tem leis . Moralmente, já perderam, pois o que estão a fazer é à margem de qualquer lei. Putin merece a mais forte condenação do mundo civilizado”, afirmou.
À BBC, o deputado ucraniano Dmytro Gurin disse acreditar que a estratégia russa para conquistar Mariupol passa por impedir que a comida chegue a esta cidade portuária. “Os russos não abrem corredores humanitárias, não deixam que os comboios humanitários entrem na cidade”, alertou.
O deputado, natural de Mariupol, adiantou que as equipas que estão no terreno não conseguem retirar os escombros no teatro que foi bombardeado na semana passada, acreditando que estão centenas de pessoas presas na cave.
Perspetivando as reuniões de hoje, que dirigirá enquanto Alto Representante da UE para a Política Externa e de Segurança, Borrell disse que será “um dia muito longo”, pois haverá reuniões em três formatos, ao nível de ministros dos Negócios Estrangeiros, de ministros da Defesa, e um Conselho conjunto, o chamado “Jumbo”.
Borrell disse esperar que durante este segunda-feira os 27 aprovem a chamada “Bússola Estratégica”, o documento orientador da nova política de defesa e segurança da UE para os próximos 10 anos.
“Não é a resposta para a guerra na Ucrânia, mas é parte da resposta. Temos estado a trabalhar há dois anos neste documento e quando começámos não podíamos imaginar que na altura da aprovação a situação fosse tão má e enfrentássemos um desafio tão grande”, comentou.
Segundo Borrell, este “é o momento de repensar o futuro das capacidades da Europa para fazer face a desafios como a guerra” e os Estados-membros “têm de aumentar as suas capacidades, fazendo-o de uma forma coordenada”.
“Vamos trabalhar para sermos mais fortes militarmente e usar as nossas capacidades de uma forma mais coordenada ”, disse.
Este Conselho “Jumbo” - a designação dada às reuniões conjuntas de chefes de diplomacia e ministros da Defesa – tem lugar no início de uma semana particularmente movimentada em Bruxelas, com a celebração de uma cimeira extraordinária de líderes da NATO, quinta-feira, e um Conselho Europeu, quinta e sexta, que terá como convidado o Presidente norte-americano, Joe Biden, e durante o qual os chefes de Estado e de Governo deverão adotar a «bússola».
Enquanto a agressão militar russa à Ucrânia dominará, uma vez mais, as reuniões de chefes de diplomacia e de ministros da Defesa – nesta última com a participação, por videoconferência, do ministro da Defesa ucraniano, Oleksii Reznikov -, o Conselho “Jumbo” será consagrado então à aprovação do documento que traça a nova política de segurança e defesa do bloco europeu para os próximos 10 anos, a ser formalmente adotado pelos líderes da UE no final da semana.