05 abr, 2022 - 10:00 • Anabela Góis , Inês Braga Sampaio
Veja também:
Análises feitas às imagens de satélite das ruas de Bucha, nos arredores da capital ucraniana, demonstram que os civis já estavam mortos há mais de três semanas e não foram movidos.
A BBC, o New York Times e a Sky News são alguns dos órgãos de comunicação social internacionais que analisaram vídeos e fotografias das centenas de corpos estendidos nas ruas da cidade com as imagens de satélite do local. Inclusive, os carros e as bicicletas também se mantêm nos locais onde estavam durante a ocupação russa.
As alegações de que os corpos eram afinal de pessoas que fingiam estar mortas e eram vistas a levantar-se são desmentidas por uma análise mais pormenorizada.
Patologistas forenses também deitam por terra a teoria de que os corpos não apresentavam a rigidez prevista, explicando que, após quatro dias, o "rigor mortis", geralmente, diminui. Quanto à ausência de sangue, explica-se pelo tipo de ferimento e pela posição das vítimas.
O mundo foi confrontado com imagens da devastação em Bucha, com edifícios destruídos, veículos queimados e corpos pelas estradas. Segundo a procuradora-geral da Ucrânia, pelo menos, 400 civis foram mortos e uma vala comum foi encontrada ainda aberta.
A comunidade internacional condenou o sucedido e o Ministério da Defesa ucraniano chamou-lhe "a nova Srebrenica". O Presidente dos EUA, Joe Biden, classificou o homólogo russo, Vladimir Putin, como "criminoso de guerra".
Contudo, Moscovo defendeu-se. O embaixador russo nas Nações Unidas afirmou que "nem um único residente de Bucha sofreu qualquer violência às mãos dos russos" e alegou que as imagens de cadáveres nas ruas e em valas comuns eram "encenação".
O Ministério da Defesa da Rússia alegou que os corpos tinham sido colocados nas ruas depois da retirada russa, sublinhando que “todas as unidades russas tinham deixado por completo Bucha” a 30 de março.
A Rússia lançou em 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que matou pelo menos 1.430 civis e feriu 2.097, segundo os mais recentes dados da ONU, que alerta para a probabilidade de o número real de vítimas civis ser muito maior.
A guerra já causou um número indeterminado de baixas militares e a fuga de mais de dez milhões de pessoas, das quais 4,1 milhões para os países vizinhos.
Esta é a pior crise de refugiados na Europa desde a II Guerra Mundial (1939-1945) e as Nações Unidas calculam que cerca de 13 milhões de pessoas necessitam de assistência humanitária.
A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas e políticas a Moscovo.