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Von der Leyen. “A própria humanidade foi morta em Bucha”

06 abr, 2022 - 08:55 • João Cunha com redação

Já o presidente do Conselho Europeu pede medidas contra importação de combustíveis da Rússia. "Até o gás natural", defende.

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A presidente da Comissão Europeia não poupa nas palavras para comentar a situação na Ucrânia e sublinhar que em Bucha ocorreram crimes de guerra.

Esta quarta-feira de manhã, numa sessão do Parlamento Europeu, Ursula Von der Leyen garantiu que depois de Bucha, a Europa ainda está mais próxima da Ucrânia.

“Há apenas sete semanas, Bucha era um amigável e calmo subúrbio de Kiev. Mas na passada semana, a própria humanidade foi morta, a sangue-frio, em Bucha. Executada com as mãos presas atrás das costas, com uma bala na cabeça. Foi deixada a apodrecer no meio da rua ou em valas comuns. Todos vimos as imagens. É o que acontece quando os soldados de Putin ocupam território ucraniano. Eles chamam-lhe libertação. Não! Nós chamamos-lhes crimes de guerra. E temos de dar-lhe esse nome".

Segundo Von der Leyen, o quinto pacote de sanções tem seis pilares: “Primeiro, vamos impor a proibição de importação de carvão russo; depois, sanções a quatro dos maiores bancos russos, que serão impedidos de fazer quaisquer transações; terceiro, vamos impedir que navios russos ou operados por russos de acederam a portos da União europeia”.

O quarto e quinto pilares dizem respeito a importações e exportações. Mais sanções às exportações, de cerca de 10 mil milhões de euros, em áreas que a Rússia é vulnerável; o último pilar diz respeito às importações, sendo o objetivo cortar o dinheiro à Rússia e aos seus oligarcas.

Por fim, algumas medidas cirúrgicas relacionadas com a proibição da participação de empresas russas em quaisquer concursos públicos nos Estados-membros.

Sanções da UE devem abranger gás e petróleo russo

O presidente do Conselho Europeu disse acreditar que as sanções da União Europeia à Rússia devido à sua agressão à Ucrânia deverão abranger, “mais cedo ou mais tarde”, importações de petróleo e gás russo.

Intervindo num debate no Parlamento Europeu, em Estrasburgo, Charles Michel também manifestou abertura à ideia de a UE conceder asilo aos militares russos que desobedecerem às ordens e baixarem as armas na Ucrânia para não tomarem parte dos crimes de guerra cometidos.

Um dia após a Comissão Europeia ter apresentado a sua proposta de um quinto pacote de sanções à Rússia, à luz das atrocidades cometidas pelo exército russo em Bucha e outras cidades ucranianas ocupadas, mas, entretanto, libertadas, e que contempla pela primeira vez a energia, com a proibição da importação de carvão, Charles Michel considerou provável a UE ter de ir ainda mais longe.

O presidente do Conselho Europeu observou que depois da devastação da cidade de Mariupol, o mundo pôde assistir agora a “crimes contra humanidade, contra civis inocentes, em Bucha e em muitas outras cidades”.

“É mais uma prova de que a brutalidade russa contra o povo da Ucrânia não tem limites. É mais uma prova de crimes de guerra, com corpos empilhados em valas comuns. Isto não é uma operação especial, são crimes de guerra. E nós, na UE, não vamos virar as costas, vamos olhar a realidade nos olhos. Tem de haver, e haverá, consequências graves para todos os responsáveis, e já estamos a apoiar todos os esforços para recolher provas. Faremos tudo para trazer os perpetradores à justiça internacional”, declarou.

O presidente do Conselho Europeu dirigiu de seguida uma mensagem aos militares russos. “Se não querem ser criminosos, larguem as armas, deixem de lutar, abandonem o campo de batalha. Sei que alguns dos membros do Parlamento Europeu propõem dar asilo aos soldados russos que desobedecerem às ordens. Na minha opinião, esta é uma ideia valiosa que deveria ser explorada”, disse.

Pior crise de refugiados na Europa

A Rússia lançou em 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que matou pelo menos 1.480 civis, incluindo 165 crianças, e feriu 2.195, segundo os mais recentes dados da ONU, que alerta para a probabilidade de o número real de vítimas civis ser muito maior.

A guerra já causou um número indeterminado de baixas militares e a fuga de mais de 11 milhões de pessoas, das quais 4,2 milhões para os países vizinhos.

Esta é a pior crise de refugiados na Europa desde a II Guerra Mundial (1939-1945) e as Nações Unidas calculam que cerca de 13 milhões de pessoas necessitam de assistência humanitária.


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