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Ucrânia

Putin "desistiu" de Kiev, indica Pentágono

07 abr, 2022 - 22:05 • Lusa

O secretário da Defesa norte-americano pareceu reconhecer que os Estados Unidos consideravam, pelo menos no início do conflito, que a Ucrânia seria incapaz de retomar o controlo das regiões separatistas de Donetsk e Lugansk, no Donbass, que é agora o alvo definido por Moscovo.

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O Departamento de Defesa norte-americano defendeu esta quinta-feira que o Presidente russo, Vladimir Putin, "desistiu" de tomar Kiev para se concentrar nas zonas separatistas do Donbass e que o desfecho da guerra na Ucrânia "está em aberto".

"Putin pensava que poderia rapidamente tomar o controlo da Ucrânia, rapidamente tomar o controlo da capital. Estava errado", declarou o secretário da Defesa norte-americano, Lloyd Austin, numa audição no Congresso.

"Penso que Putin desistiu dos seus esforços para capturar a capital e está agora concentrado no sul e no leste do país", acrescentou, perante a comissão das Forças Armadas do Senado (câmara alta do Congresso).

Mas o desfecho da guerra, que promete ser longa, permanece incerto, indicou, por sua vez, o chefe do Estado-Maior norte-americano, o general Mark Milley.

"Será uma missão de longo prazo", considerou, precisando que "há ainda uma batalha importante a travar no sudeste, onde os russos pretendem concentrar forças e prosseguir a sua ofensiva. Portanto, resta saber como é que tudo isto terminará".

A Ucrânia recebeu cerca de 60.000 sistemas antitanque dos Estados Unidos e seus aliados, e o exército ucraniano está a utilizar minas antipessoais, que obrigam os soldados russos a combater em zonas onde estão mais vulneráveis, indicou o general Milley, na mesma audição.

O Ocidente também forneceu aos ucranianos cerca de 25.000 sistemas antiaéreos de diversos tipos, que impediram a Rússia de tomar o controlo do espaço aéreo ucraniano, disse o oficial norte-americano de mais alta patente, acrescentando que o exército ucraniano está agora a pedir tanques e artilharia para poder repelir a próxima ofensiva russa.

"O terreno [no sudeste do país] é diferente do do norte. É bastante mais aberto e propício a operações de blindados dos dois lados", explicou, referindo que os ucranianos "precisam de mais tanques e artilharia, e é isso que estão a pedir".

O secretário da Defesa norte-americano pareceu reconhecer que os Estados Unidos consideravam, pelo menos no início do conflito, que a Ucrânia seria incapaz de retomar o controlo das regiões separatistas de Donetsk e Lugansk, no Donbass, que é agora o alvo definido por Moscovo.

Insistentemente questionado pelo senador republicano Tom Cotton sobre as informações que os serviços secretos militares norte-americanos estão a partilhar com os ucranianos, Austin admitiu que elas não abrangeram, até agora, as regiões separatistas.

"Nós fornecemos-lhes informações para realizarem operações", incluindo no Donbass, começou por dizer.

Mas quando Cotton lhe perguntou explicitamente se essas informações diziam respeito às zonas controladas desde 2014 pelos separatistas pró-russos, o responsável máximo do Pentágono reconheceu que as instruções até agora fornecidas aos analistas militares não eram "claras".

"Queremos garantir que elas são claras para as nossas forças. É esse o objetivo das novas instruções, a partir de hoje", acrescentou.

Os serviços secretos norte-americanos alertaram para a eclosão da guerra na Ucrânia com uma exatidão notável, mas não previram a feroz resistência dos ucranianos.

Temiam que Kiev caísse nas mãos das forças russas em 48 horas e que o Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, fosse imediatamente deposto para ser substituído por um regime pró-russo.

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