07 abr, 2022 - 06:36 • Redação com Lusa
O Presidente da Ucrânia pediu sanções mais amplas e "realmente dolorosas" para a Rússia, descrevendo como "insuficientes" as novas sanções, impostas nomeadamente pelos Estados Unidos e pela União Europeia.
A Casa Branca anunciou na quarta-feira que os Estados Unidos e aliados ocidentais iriam impor sanções adicionais ao Kremlin, incluindo a proibição de qualquer novo investimento na Rússia e o alargamento de restrições a bancos russos.
"Esse pacote parece espetacular. Mas não é suficiente", disse Volodymyr Zelenskiy.
A Ucrânia continuará a "insistir no bloqueio total do sistema bancário russo", o que dificultaria a intervenção da Rússia nas finanças internacionais, bem como a transação de petróleo com o ocidente, disse o Presidente.
O presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, disse na quarta-feira acreditar que as sanções da UE à Rússia devido à agressão à Ucrânia deverão abranger, “mais cedo ou mais tarde”, importações de petróleo e gás russo.
"O embargo ao fornecimento de petróleo russo será aplicado de qualquer maneira”, disse Zelensky. “A única questão é quantos mais homens e mulheres ucranianos os militares russos terão tempo para matar, para que vocês, alguns políticos possam ganhar um pouco de determinação em algum lugar", disse o líder.
Se não houver “um pacote de sanções realmente doloroso” e o fornecimento de armamento à Ucrânia, isso "será considerado pela Rússia como uma autorização para ir mais longe", acrescentou.
Dirigindo-se aos cidadãos russos, Zelensky, que é judeu, disse: “vocês têm que exigir – exatamente, exigir – o fim da guerra. É melhor perder agora algo e enfrentar de alguma forma a máquina repressiva russa por exigir a paz do que ser equiparado aos nazis para o resto das vossas vidas".
O Presidente russo Vladimir Putin tem alegado que a Ucrânia é liderada por “nazis” e “drogados”.
O presidente ucraniano acusa a Rússia de encobrir milhares de corpos.
Zelenskiy diz que as tropas russas bloquearam o acesso humanitário a Mariupol à região precisamente para terem tempo de ocultar as mortes de civis.
Em entrevista à televisão turca, dá ainda o exemplo de Bucha, acusando Moscovo de tentar queimar corpos para esconder o massacre na cidade.
O autarca de Mariupol já tinha falado em carros crematórios. Através de uma publicação no Facebook, na conta oficial da câmara municipal, Vadym Boychenk acusa os russos de estarem a queimar os corpos de civis ucranianos.
“Os racistas transformaram toda a nossa cidade num campo de concentração. Infelizmente, a estranha analogia está a ser cada vez Mais confirmada. Esta não é mais a Chechénia ou Alepo. Esta é a nova Auschwitz e Maidanek”, escreveu.
Os números mais recentes apontam para mais de 5 mil mortos numa cidade que alojava 400 mil pessoas.