11 abr, 2022 - 20:14 • Teresa Almeida
Depois de aberto o caminho para uma segunda volta nas presidenciais francesas, Emmanuel Macron e Marine Le Pen voltam a encontrar-se para um duelo eleitoral decisivo a 24 de abril e com desfecho provável a favor do atual Presidente.
É, pelo menos, essa a leitura de António Monteiro. Em declarações à Renascença, o embaixador e ex-ministro dos Negócios Estrangeiros lembra que a maioria dos candidatos derrotados deixou claro, na noite eleitoral, que iriam dirigir o seu apoio para o ainda Presidente francês, embora admitam que o fazem para evitar a subida da extrema-direita de Le Pen.
“Não creio que, depois da transferência dos pedidos de voto de praticamente todos os partidos, de esquerda e de direita, a favor de Macron e, sobretudo, do apoio de Melénchon - que volta a ser uma surpresa nestas eleições - que haja possibilidades de Marine Le Pen reverter a situação”, diz.
Por outro lado, o diplomata diz não ver quaisquer riscos de uma transferência de votos do eleitorado de esquerda radical para Le Pen: “não é isso que tem acontecido em eleições anteriores. E não é desta vez que vai haver mudança por obra e graça do Espírito Santo”.
Daí que António Monteiro exclua a possibilidade de a candidata de extrema-direita ser capaz de derrotar o “pacto republicano que se desenhou à volta de Macron”, embora avise que a França deve habituar-se à “realidade de um terço do eleitorado francês, que apoia aquela extrema-direita”.
A par com essa circunstância, Monteiro assinala “a confirmação da queda dos socialistas que, praticamente, desapareceram e dos republicanos que tiveram um resultado muito abaixo daquele que se poderia esperar”.
Para o ex-ministro dos Negócios Estrangeiros, é entre os liberais e a extrema que começa a “verdadeira corrida ao Eliseu”.
“Estas eleições podem ter aberto a porta a uma maior estabilidade na União Europeia, começando pela afirmação do eixo franco-alemão que será muito mais fácil de se desenvolver tendo como líderes Macron em França e Scholz na Alemanha. Uma eventual eleição de Marine Le Pen teria com certeza causado alguma perturbação”, remata António Monteiro.