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O plano da China para encontrar uma “Terra 2.0”

12 abr, 2022 - 18:59 • Diogo Camilo

Projeto do Observatório de Astronomia de Xangai quer descobrir planetas semelhantes à Terra fora do Sistema Solar, com condições para terem água líquida e vida. Satélite deverá ser lançado até ao final de 2026 e pode ser “10 a 15 vezes mais poderoso” que o telescópio Kepler.

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Depois de enviar sondas para a Lua e Marte e de construir a sua própria estação espacial, a China olha agora mais longe e prepara-se para anunciar este mês os seus planos para a descoberta de planetas semelhantes à Terra.

O objetivo passa por encontrar um planeta, fora do Sistema Solar e noutras partes da galáxia da Via Láctea, que orbite na zona de uma estrela como o Sol para que tenha as condições necessárias para a existência de água em forma líquida e vida.

Financiado pela Academia de Ciências Chinesa, o projeto do Observatório de Astronomia de Xangai está ainda a ser desenhado e, se receber luz verde por parte de especialistas, poderá começar a construir um satélite para a “caça a planetas” que deverá ser lançado até ao final de 2026.

Há três semanas foi ultrapassada a barreira dos 5.000 planetas identificados para lá do Sistema Solar, conhecidos como exoplanetas, com a maioria a ter sido descoberta pelo telescópio Kepler, usado durante nove anos até deixar de ser utilizado em 2018. Apesar de terem sido encontrados planetas semelhantes à Terra que orbitavam à volta de anãs vermelhas como o Sol, nenhum destes encaixava no perfil e definição de uma “Terra 2.0”.

“Sete olhos” nos céus para observar 1,2 milhões de estrelas

O projeto, chamado mesmo de “Terra 2.0”, está desenhado para carregar sete telescópios, em que seis deles trabalharão juntos para inspecionar as constelações Cygnus e Lyra, na mesma rota que o Kepler percorreu, em que o sétimo e último terá como missão procurar exoplanetas mais longe da estrela sobre a qual orbitam. Este irá também detetar mudanças no brilho de estrelas quando algum erro acontecer, como uma estrela se atravessar à frente de outra.

“O campo observado pelo Kepler está à mão de semear, porque temos muitos boas informações a partir dele”, diz à Nature Jian Ge, o astrónomo que lidera a equipa do Observatório de Astronomia de Xangai, referindo que o satélite pode ser “10 a 15 vezes mais poderoso” que o telescópio Kepler em capacidade de pesquisa.

Estando a anos-luz da Terra, a descoberta de exoplanetas é feita através de pequenas mudanças no brilho das estrelas à volta destes, que apontam para quando é que um planeta faz uma volta completa sobre a sua estrela. O projeto conta assim observar cerca de 1,2 milhões de estrelas com uma vista cerca de cinco vezes mais ampla que o Kepler.

“O nosso satélite consegue essencialmente criar um portfólio que identifica exoplanetas de diferentes tamanhos, massas e idades. A missão dará uma boa coleção de amostras de planetas para pesquisas futuras”, indicou Jian Ge.

Em janeiro, o investigador apontou para a deteção da emissão de poeira interplanetária em três planetas potencialmente habitáveis, todos eles identificados pelo Kepler. Até então, nunca tinham sido encontradas provas de que estas partículas, formadas por colisões de asteróides e poeiras de cometas, existiam fora do Sistema Solar.

Na altura, Ge disse esperar que o projeto “Terra 2.0” “ajude a “descobrir mais segredos de ambientes planetários extra solares, especialmente em planetas habitáveis e semelhantes à Terra”.

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