13 abr, 2022 - 15:27 • Ângela Roque
A Fundação Ajuda à Igreja que Sofre (AIS) informou, esta quarta-feira, em comunicado, que "soldados russos invadiram, profanaram e saquearam o seminário da Igreja Católica em Vorzel”, uma pequena cidade na região da capital ucraniana.
Segundo o testemunho do padre Lucas Perozzi, sacerdote em Kiev, entre os objetos destruídos está “uma imagem de Nossa Senhora de Fátima e um cálice que São João Paulo II utilizou e ofereceu à Igreja ucraniana”, depois da visita que efetuou ao país, em 2001.
“O refeitório do seminário tinha a imagem da Virgem Maria de Fátima. Quando entraram lá, jogaram-na no chão, e ficou quebrada”, descreve o padre Lucas, acrescentando todo o edifício ficou danificado. “As janelas foram destruídas, os vidros… o portão foi destruído como se tivesse passado um tanque por cima, os carros que estavam lá também. Eles roubaram tudo o que podiam, até coisas que não têm valor”.
A cidade de Vorzel fica situado perto de Irpin e de Bucha, onde houve um massacre de civis. A dimensão do roubo e destruição das instalações do seminário só foi conhecida depois da saída das tropas russas.
“Sabemos agora o que se passou porque essa zona já foi libertada, e estamos há uns oito, nove dias sem ataques”, explica o padre Lucas, adiantando que a Igreja “quer voltar a tomar conta das instalações do seminário”, onde se encontram o reitor, o diretor da Cáritas da diocese de Kiev e alguns seminaristas e voluntários, que estão a tentar “colocar as coisas em ordem”.
Em declarações à agência Lusa, a diretora do Gabinete de Comunicação do Santuário de Fátima confirma que a instituição está “disponível para oferecer uma escultura de Nossa Senhora do Rosário de Fátima”, no caso ao Seminário de Vorzel, ainda mais “dadas as circunstâncias em que a comunidade ficou privada dessa Imagem". Mas, para o fazerem - acrescenta Carmo Rodeia - terão de receber um pedido nesse sentido dos responsáveis do seminário, porque “há canais próprios para que tal pedido seja formulado e apreciado".
A Rússia lançou em 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que já matou quase dois mil civis, segundo dados da ONU. A guerra causou a fuga de mais de 11 milhões de pessoas, mais de 4 milhões e meio para os países vizinhos.
A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas e políticas a Moscovo.