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Diretor da OMS diz que o mundo “não presta a mesma atenção às vidas de negros e brancos”

14 abr, 2022 - 03:36 • Lusa

Tedros Ghebreyesus argumenta que o destaque que tem sido dado à guerra na Ucrânia não é comparável com o destaque que deveria ser dado, também, a outros conflitos mundiais.

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O diretor-geral da Organização Mundial da Saúde defendeu, na quarta-feira, que o mundo “não presta o mesmo grau de atenção às vidas dos negros e às dos brancos”, comparando a atenção dada à Ucrânia e a conflitos noutros países.

“Toda a atenção prestada à Ucrânia é muito importante, é claro, porque [o que lá se passa] tem impacto em todo o mundo, mas não é dada sequer uma fração dessa atenção ao Tigray (a região da Etiópia de que é originário, onde há um conflito armado devastador em curso), ao Iémen, ao Afeganistão, à Síria e a todos os outros”, lamentou Tedros Adhanom Ghebreyesus numa conferência de imprensa.

“Tenho de ser direto e honesto, o mundo não trata a raça humana da mesma maneira. Alguns são mais iguais que outros”, sustentou o responsável da OMS, parafraseando o escritor norte-americano George Orwell.

“E quando digo isso, magoa-me (…) É muito difícil de aceitar, mas é o que acontece”, insistiu, afirmando esperar que “o mundo recupere a razão e trate todas as vidas humanas da mesma forma”.

Tedros Ghebreyesus lembra conflito na região de Tigray

O diretor-geral da OMS falou longamente sobre a situação na sua região natal do Tigray, cujos responsáveis estão desde novembro de 2020 em conflito armado contra as forças governamentais, afirmando temer que o cessar-fogo humanitário decretado a 24 de março pelo Governo de Adis Abeba para deixar a ajuda humanitária entrar no Tigray, até então isolado de tudo, “não passe de uma manobra diplomática”.

O conflito, que começou em novembro de 2020 e se propagou, durante algum tempo, além do Tigray, fez milhares de mortos e mergulhou na fome milhões de pessoas, sendo as duas partes acusadas de atrocidades.

“O que está a acontecer na Etiópia é trágico, as pessoas são queimadas vivas por causa da sua etnia, e por nada mais, e não tenho a certeza se isso foi levado a sério pela comunicação social”, comentou o responsável da OMS, acrescentando: “Precisamos de um equilíbrio. Devemos levar cada vida a sério, porque cada vida é preciosa”, sustentou.

Comentários
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  • Digo
    14 abr, 2022 Eu 08:33
    Se se invertessem os papeis, os "negros" também estariam assim tão preocupados com os "brancos"?

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