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Covid-19. Xangai anuncia as primeiras mortes desde o início do isolamento

18 abr, 2022 - 16:45 • Diogo Camilo

Estas são as primeiras mortes por Covid-19 que a China anuncia em mais de dois anos. Xangai confirmou mais de 170 mil casos na última semana, mas estratégia de "tolerância zero" está a levar a protestos, fome e ao aumento do desemprego.

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A China anunciou as primeiras mortes por Covid-19 em Xangai desde que foi aplicada a estratégia de “tolerância zero” à pandemia na cidade com cerca de 25 milhões de habitantes. Estas três vítimas mortais são também as primeiras confirmadas pelas autoridades chinesas desde março de 2020, depois do país ter sido o primeiro a anunciar casos de infeção.

A confirmação foi dada pela comissão de saúde local, que indicou que os óbitos tinham idades entre os 89 e 91 anos, não estavam vacinados e apresentavam comorbidades como doenças coronárias, diabetes e pressão arterial alta. A taxa de cobertura de vacinação em Xangai é de apenas 38% entre residentes com mais de 60 anos.

A cidade, que concentrou esta segunda-feira cerca de 90% dos casos confirmados em toda a China, cumpre a terceira semana de isolamento e tem prevista uma nova ronda de testagem em massa, o que significa que as medidas continuarão em vigor para a maioria dos residentes durante, pelo menos, mais uma semana.

Só na última semana, Xangai confirmou mais de 170 mil casos, entre os quais apenas 17 mil tinham sintomas e mais de 154 mil foram registados como assintomáticos. A incidência a 7 dias é atualmente de 690 casos por 100 mil habitantes, pouco acima da de Portugal (577), mas ao contrário da cidade chinesa, Portugal registou 145 mortes na última semana - mesmo com uma taxa de vacinação muito superior.

Fome, desemprego e protestos

A obrigatoriedade de isolamento em Xangai tem sido recebida com invulgares protestos, com a população a queixar-se de fome e excesso de zelo por parte das autoridades. Mesmo assintomático, quem testar positivo é colocado num centro de quarentena onde terá de cumprir o tempo de isolamento.

Com o aumento de casos, aumenta também a dificuldade em encontrar um local para isolar todos os infetados. Na última semana surgiram imagens de residentes de Xangai a resistirem às ordens de autoridades para abandonarem as suas casas para que estas fossem utilizadas como centros de quarentena.

Segundo o New York Times, cerca de 400 milhões de chineses estão atualmente segundo algum tipo de isolamento para conter a Ómicron, o equivalente a 40% do PIB chinês, e tal começa a ter as suas repercussões na economia chinesa.

A taxa de desemprego na China atingiu em março os 5,8%, o seu valor mais baixo desde maio de 2020, e as vendas de retalho caíram 3,5% em relação ao ano passado, a primeira queda desde julho de 2020.

Xangai, uma das cidades mais ricas da China, representa cerca de 4% da economia do país

e tem uma riqueza semelhante à de países como a Suécia e a Polónia, mas é principalmente conhecida por onde passam mais importações e exportações chinesas.

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