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Guerra na Ucrânia

​Putin diz a Guterres que espera "chegar a um acordo" e nega massacre

26 abr, 2022 - 17:56 • Ricardo Vieira

Presidente russo acusa Ucrânia de "genocídio" e diz que é necessário “valorizar os mecanismos criados após a II Guerra para resolver conflitos”.

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“Apesar da operação militar em curso, esperamos conseguir chegar a um acordo diplomático. Estamos a realizar negociações, não nos recusamos a fazê-lo”, afirma o Presidente russo, Vladimir Putin, num encontro no Kremlin, em Moscovo, com o secretário-geral da ONU, António Guterres.

Vladimir Putin justificou a invasão da Ucrânia pelas forças russas como uma resposta ao que diz ser um "genocídio" na região do Donbass, no leste da Ucrânia, à violação dos acordos de Minsk e ao "golpe de Estado" de 2014 em Kiev.

O Presidente russo diz que é necessário “valorizar os mecanismos criados após a II Guerra para resolver conflitos”.

“Temos de colaborar com toda a gente e a ONU foi criada para resolver crises graves e sobreviveu a várias crises”, salientou.

Nesta declaração durante o encontro com António Guterres, Vladimir Putin disse que "há corredores diplomáticos em Mariupol" e que as operações já terminaram naquela cidade ucraniana. "Não há combates, o senhor secretário-geral foi enganado", declarou.

Num encontro anterior com o ministro russo dos Negócios Estrangeiros, o secretário-geral da ONU tinha alertado para a situação humanitária dramática em Mariupol e oferecido recursos humanos e logísticos para ajudar a criar passagens seguras para os civis.


Putin nega massacre em Bucha

Putin nega responsabilidade do exército russo no massacre ocorrido na cidade de Bucha. "Enfrentamos a provocação em Bucha, o Exército russo não tem nada a ver, sabemos que fez esta provocação, quem a preparou".

O Presidente russo faz depender uma solução para a guerra da cedência por parte da Ucrânia da Crimeia, Sebastopol e repúblicas do Donbass de Donetsk e Lugansk, e fez uma comparação com a independência do Kosovo em relação à Sérvia.

"A posição dos nossos negociadores com a Ucrânia mudou totalmente. Eles renegaram as suas intenções iniciais de por à parte as questões de segurança e os territórios da Crimeia, de Sebastopol e das repúblicas de Donbass. Eles renunciaram a estes acordos", disse Putin a Guterres.

"Na proposta que nos apresentaram disseram que estas questões deviam ser resolvidas entre os chefes de Estado. Entendemos que ao colocar esses assuntos ao nível dos chefes de Estado, sem nenhuma solução prévia, acabarão por nunca ser resolvidos. Neste caso, não podemos subscrever as garantias de segurança sem resolver os assuntos territoriais em relação à Crimeia, Sebastopol e repúblicas do Donbass", sublinhou.

Vladimir Putin diz que as negociações entre as partes em conflito decorrem à distância, "em formato online", e espera que seja possível "alcançar um resultado positivo".

Guterres assume divergências e pragmatismo

O secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, disse ao Presidente russo, Vladimir Putin, que a Rússia violou o direito internacional ao invadir a Ucrânia.

“A violação da integridade territorial de qualquer país não está de acordo com a Carta da ONU. Estamos profundamente preocupados com oque está a acontecer. Consideramos que aquilo que aconteceu foi uma invasão do território ucraniano”, disse António Guterres no encontro que decorreu no Kremlin, na já famosa mesa de seis metros de comprimento.

António Guterres diz que deslocou-se a Moscovo "com uma abordagem pragmática" e mostrou-se "muito preocupado com a situação humanitária na Ucrânia", pedindo a criação de corredores humanitários seguros.

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