27 abr, 2022 - 08:21 • Olímpia Mairos , com agências
Um tribunal de Myanmar, país atualmente governado por militares, condenou esta quarta-feira a líder deposta Aung San Suu Kyi a cinco anos de prisão.
A líder destituída e Prémio Nobel da Paz estava acusada de ter aceitado subornos no valor de 600 mil dólares (564 mil euros) e 11,4 quilos de ouro do antigo governador de Rangun, Phyo Min Thein, que testemunhou em outubro contra a líder eleita.
A condenação foi comunicada por um funcionário judicial, que pediu para não ser identificado por não estar autorizado a divulgar informações. O julgamento de Suu Kyi foi realizado à porta fechada e os advogados foram impedidos de falar aos meios de comunicação social.
De acordo com a Reuters, Suu Kyi classificou as alegações de “absurdas” e negou todas as acusações que recaem sobre si e que incluem violações das leis eleitorais e secretas de Estado, incitação e corrupção.
Apoiantes e peritos jurídicos independentes classificaram as acusações contra a ex-governante como injustas e fabricadas, defendendo que o objetivo é o de afastar da política Suu Kyi, de 76 anos.
No início de dezembro, a política foi condenada a quatro anos de prisão (reduzidos a dois anos após receber um indulto da junta militar) por violar leis antipandémicas e por incitação contra a junta militar.
A líder deposta foi também condenada em 10 de janeiro a mais quatro anos de prisão por ignorar medidas de prevenção face à Covid-19 num ato eleitoral e por importar ilegalmente dispositivos de telecomunicações.
Suu Kyi está ainda a ser julgada por alegada violação da Lei dos Segredos Oficiais, punível até 14 anos de prisão, sendo ainda acusada de fraude eleitoral durante as eleições de novembro de 2020.
A política, detida desde as primeiras horas do golpe militar realizado a 1 de fevereiro de 2021, cumpre pena em local desconhecido.
O golpe de Estado mergulhou Myanmar numa profunda crise política, social e económica e abriu uma espiral de violência, com o aparecimento de novas milícias civis que agravaram a guerra de guerrilhas que o país vive há décadas.
O Exército justifica o golpe com uma alegada fraude nas eleições gerais de novembro de 2020, cujo resultado foi anulado e em que o partido de Suu Kyi teve, tal como em 2015, uma vitória avalizada pelos observadores internacionais.