03 mai, 2022 - 22:35 • João Malheiro
O 69.º dia de guerra termina com relatos de pelo menos quatro explosões a fazerem-se ouvir, em Lviv, na Ucrânia.
A ONU confirmou a chegada de 127 civis de Mariupol a Zaporíjia, mas um autarca ucraniano acusa a Rússia de impedir que mais dois mil refugiados pudessem chegar ao mesmo destino.
A Renascença resume os principais acontecimentos de mais um dia de conflito.
Pelo menos quatro explosões diferentes foram ouvidas no centro da cidade, próxima da fronteira com a Polónia.
Não ficou claro qual era o alvo das forças russas, segundo a Associated Press.
O presidente da Câmara Municipal de Lviv, Andriy Sadovyi, escreveu num serviço de mensagens que os habitantes deveriam abrigar-se e que os comboios não estão a circular.
Depois de dois meses encurralados por forças russas na cidade portuária de Mariupol, mais de uma centena de civis ucranianos pisou a território controlado por Kiev. A ONU anunciou durante a tarde a retirada "bem-sucedida" de 101 civis do destruído complexo metalúrgico de Azovstal, entre as quais estavam 17 crianças.
Destas, apenas 69 chegaram a Zaporíjia esta terça-feira, enquanto outras 32 pessoas decidiram ficar em Mariupol. Mas a estas juntaram-se outros 58 refugiados da cidade de Manhush, que entraram em autocarros dos corredores humanitários das Nações Unidas e do Comité Internacional da Cruz Vermelha (CICV).
O predidente da autarquia ucraniana de Mariupol, Vadym Boichenko, acusou as tropas russas de impedirem a retirada de cerca de dois mil civis da cidade.
Até agora, apenas três dos 14 autocarros planeados para a operação das Nações Unidas e Cruz Vermelha conseguiram chegar a território sob o controlo da Ucrânia.
Entre os retidos está o primeiro grupo a ter saído do complexo metalúrgico de Azovstal, que se encontra atualmente na cidade costeira de Berdiansk, já a cerca de 85 quilómetros de Mariupol, mas ainda a mais de 200 quilómetros do destino final: Zaporíjia.
O secretário-geral das Nações Unidas (ONU), António Guterres, manifestou "satisfação" pela retirada "de mais de 100 civis" do complexo industrial siderúrgico Azovstal, na cidade ucraniana de Mariupol, pedindo "mais pausas humanitárias".
O secretário-geral disse esperar que a coordenação contínua da ONU com Kiev e Moscovo "leve a mais pausas humanitárias", que "permitirão aos civis uma passagem segura para longe dos combates e que a ajuda chegue às pessoas onde as necessidades são maiores".
Deputados ucranianos fizeram esta terça-feira múltiplos convites aos homólogos portugueses para visitarem a Ucrânia e verem presencialmente a destruição e crimes cometidos pelas forças russas, e reforçaram os pedidos de sanções, apoio militar e no processo de adesão à UE.
Os convites repetiram-se nas intervenções, por videoconferência, na primeira reunião conjunta das comissões de Negócios Estrangeiros e Comunidades Portuguesas e dos Assuntos Europeus com a Comissão de Integração da Ucrânia na União Europeia (UE), do Parlamento ucraniano.
Numa sessão de quase uma hora e meia, os deputados portugueses condenaram, de novo, a agressão russa à Ucrânia e concordaram que o pedido de adesão à UE deve ser visto tendo em conta "o momento e as circunstâncias excecionais", para que não demore anos.
A Eslováquia e a Hungria disseram esta terça-feira que não apoiarão sanções contra a energia russa que a União Europeia (UE) está a preparar, alegando que estão demasiado dependentes dela e que não têm alternativas.
A Comissão Europeia elaborou novas propostas de sanções contra Moscovo, por causa da invasão da Ucrânia, que podem incluir um embargo gradual ao petróleo russo, que os 27 países membros começarão a discutir na quarta-feira.
O chefe da diplomacia da UE, Josep Borrell, escreveu na rede social Twitter que a Comissão Europeia quer atingir mais bancos, atacar os responsáveis de espalhar desinformação sobre a guerra na Ucrânia e "atacar as importações de petróleo".
Em resposta, o ministro da Economia da Eslováquia, Richard Sulik, explicou que a única refinaria do país, a Slovnaft, não pode mudar imediatamente do petróleo russo para outro tipo de petróleo.
A Hungria também é altamente dependente da energia russa, e o ministro dos Negócios Estrangeiros húngaro, Peter Szijjarto, já disse que o seu país não aprovará qualquer sanção "que torne impossível o transporte de gás natural ou petróleo da Rússia para a Hungria".
O presidente russo, Vladimir Putin, avisou o homólogo francês, Emmanuel Macron, de que o Ocidente tem de deixar de dar armas à Ucrânia, numa conversa telefónica em que terá dito que Moscovo continua disponível para dialogar com Kiev.
"O Ocidente poderia ajudar a pôr fim a estas atrocidades exercendo uma influência adequada sobre as autoridades de Kiev, bem como pondo termo ao fornecimento de armas à Ucrânia", disse Putin a Macron, segundo o Kremlin, referindo que os países ocidentais podem ajudar a pôr fim ao conflito, ao acabar com o fornecimento de armas à Ucrânia. Sublinhou, ainda, que o lado russo está pronto para o diálogo.
Na conversa telefónica, Putin informou Macron sobre o curso da "operação militar especial da Rússia" para "proteger as repúblicas do Donbass", no leste da Ucrânia.
O primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, tornou-se esta terça-feira o primeiro líder do Ocidente a dirigir-se ao parlamento ucraniano desde o início do conflito no país, a 24 de fevereiro. Em discurso por videoconferência, repetiu palavras de Winston Churchill e garantiu que a Ucrânia “irá vencer” a Rússia e “ficará livre”.