26 mai, 2022 - 06:51 • Lusa
O Banco Africano de Desenvolvimento (BAD) estima que 30 milhões de africanos tenham sido empurrados para a pobreza extrema em 2021 devido à pandemia e prevê que a guerra da Ucrânia empurre outros quatro milhões até 2023.
Nas suas Perspetivas Económicas Africanas, lançadas no âmbito dos encontros anuais do BAD em Acra, o banco sublinha que, apesar de um crescimento económico de 6,9% em 2021, os impactos da pandemia nas vidas e nas fontes de subsistência dos africanos continuaram a sentir-se no ano passado.
"O banco estima que cerca de 30 milhões de africanos tenham sido empurrados para a pobreza extrema em 2021 e que cerca de 22 milhões de empregos se tenham perdido nos países africanos nesse mesmo ano devido à pandemia", lê-se no relatório.
O BAD alerta que estes resultados devem continuar este ano e no próximo, e estima que, contabilizando as perturbações económicas da guerra provocada pela invasão da Ucrânia pela Rússia, o número de africanos empurrados para a pobreza extrema poderá ser de 1,8 milhões em 2022 e 2,1 milhões em 2023.
Os trabalhadores do setor informal, sobretudo mulheres e jovens, deverão ser os mais afetados, concluem os economistas do BAD.
O BAD estima que as necessidades de financiamento adicional para apoiar a recuperação de África sejam de cerca de 432 mil milhões de dólares (405 mil milhões de euros) entre 2020 e 2022 (uma revisão em baixa da anterior estimativa de 484 mil milhões de dólares, 454 mil milhões de euros) o que se traduz numa média de 144 mil milhões (135 mil milhões de euros) por ano.
No relatório, o banco alerta também que o financiamento climático de África está abaixo dos compromissos feitos pelos países desenvolvidos e das necessidades do continente para adaptação e mitigação das alterações climáticas.
Os encontros anuais do BAD, o evento mais importante da instituição que tem 54 Estados-membros africanos e 27 não africanos, decorrem desde segunda-feira e até sexta-feira em Acra, sob o tema "Alcançar a Resiliência Climática e uma Transição Energética Justa para África".