26 mai, 2022 - 02:40 • Marisa Gonçalves com Agências
Num tom crítico, o Presidente ucraniano veio responder à proposta anunciada por Henry Kissinger, no Fórum Económico Mundial, em Davos. O antigo secretário de Estado norte-americano da altura da Guerra Fria defendeu que a Ucrânia deveria ceder território à Rússia para acabar com a guerra e alertou o Ocidente que uma eventual derrota de Moscovo poderá ter como consequência uma desestabilização ainda mais global.
Na sua mais recente comunicação em vídeo, Volodymyr Zelenskiy reage às declarações do estadista norte-americano desafiando-o a regressar até à época da Alemanha nazi.
“Parece que o calendário do Senhor Kissinger não é de 2022, mas de 1938 e pensou estar a falar para um auditório não em Davos, mas em Munique nesse mesmo ano. A propósito, em 1938, quando a família do Senhor Kissinger fugia da Alemanha nazi ele tinha 15 anos e percebia tudo perfeitamente. Na ocasião, ninguém o ouviu dizer que era preciso adaptarmo-nos aos nazis em vez de fugir deles ou combatê-los”, refere.
Garante ainda que não cede a pressões. “Não importa o que o Estado russo faça, há sempre alguém que diz- vamos levar em consideração os interesses russos” e acusando que “os grandes geopolíticos nem sempre querem ver as pessoas comuns, os ucranianos comuns”.
Análise
Henry Kissinger surpreendeu ao deixar entender qu(...)
Na sua mesma comunicação em vídeo, o presidente reconheceu que as suas tropas estão em desvantagem em várias cidades do leste do país, face à ofensiva militar russa e apelou ao envio de mais armas.
“Em alguns locais, o inimigo está presente em maior quantidade, em termos de equipamento e no número de soldados. As autoridades russas tomaram uma decisão inédita ao permitir que as gerações mais velhas fossem recrutadas para o exército. (…) Precisamos do apoio dos nossos parceiros e de armas para a Ucrânia. Apoio pleno, sem exceções, sem limites. O necessário para ganharmos”, afirmou.
A ministra portuguesa da Defesa Nacional, Helena Carreiras, já disse que Portugal está a ponderar o envio de mais material para Ucrânia, em função das necessidades daquele país, e que as 160 toneladas já cedidas estão "em trânsito".
A governante falava em declarações à Agência Lusa na cidade da Praia, onde participou esta quarta-feira numa reunião de ministros da Defesa da Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP).