28 mai, 2022 - 10:00 • Lusa
Um deputado do parlamento regional Primorsk, no extremo oriente da Rússia, exigiu o fim da guerra e a retirada das forças russas da Ucrânia, numa rara demonstração de oposição à invasão.
"Entendemos que, se o nosso país não interromper a operação militar, teremos mais órfãos no nosso país", disse Leonid Vasyukevich, deputado do Partido Comunista, numa reunião da Assembleia Legislativa regional de Primorsk no porto de Vladivostok, na sexta-feira.
A declaração, dirigida diretamente ao Presidente Putin, surge num vídeo publicado num canal da plataforma Telegram. O vídeo mostra ainda um outro deputado a apoiar a opinião de Vasyukevich.
Mas o presidente da Assembleia Legislativa regional de Primorsk emitiu mais tarde um comunicado, apelidando as declarações de "provocação política", não apoiada pela maioria dos deputados.
A declaração de Vasyukevich constitui uma rara - se não inédita - admissão pública do descontentamento entre pela guerra da Rússia na Ucrânia, numa altura em que o Putin tem tentado reprimir dissidência e opiniões contrárias à do Kremlin.
No início de maio, um diplomata russo da delegação da ONU em Genebra, Boris Bondarev, anunciou ter entregado a sua demissão, alegando que nunca teve tanta vergonha do seu país como no dia da invasão da Ucrânia.
Em março, o parlamento russo aprovou, por unanimidade, uma lei que criminaliza a disseminação intencional daquilo que a Rússia considera ser informação falsa.
Penas de até três anos ou multas estão previstas para quem divulgar o que as autoridades consideram ser notícias falsas sobre os militares, mas a pena máxima sobe para 15 anos para casos considerados como tendo "graves consequências".
A guerra na Ucrânia causou já a fuga de mais de 14 milhões de pessoas de suas casas - mais de oito milhões de deslocados internos e mais de 6,6 milhões para os países vizinhos -, de acordo com os mais recentes dados da ONU, que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).