30 mai, 2022 - 03:22 • Marisa Gonçalves com Agências
"Durante vários anos, a Rússia pediu ao Ocidente que não criasse uma ameaça militar ao estado russo a partir do território da Ucrânia, que não interferisse na língua russa, na educação e na cultura. O Ocidente não se importou com isso. A ameaça direta às nossas fronteiras, sobre a qual alertámos por muitos anos, foi totalmente ignorada”, declara o Ministro dos Negócios Estrangeiros, Sergei Lavrov, em entrevista ao canal de televisão francês TF1.
A voz do Kremlin no estrangeiro, alega que a operação militar na Ucrânia era “inevitável” e justifica que “a Rússia está a proteger a população e a língua russa, que têm sido alvo de discriminação direta e de agressão pelos regimes ucranianos”, referindo-se ao ex-Presidente Pyotr Poroshenko e ao atual Presidente Volodymyr Zelensky.
Na mesma entrevista à estação de televisão TF1, Sergei Lavrov reitera que a Rússia está “a proteger a Ucrânia dos neonazis” e assegura que quanto à operação militar, em concreto, “está a decorrer tal como planeado”.
O Chefe da diplomacia russa aponta ainda que a “libertação” da região do Donbass é uma “prioridade incondicional” para Moscovo. Quanto aos restantes territórios da Ucrânia refere: "as pessoas deverão decidir sobre o seu futuro".
Sergei Lavrov acusa que as sanções impostas agora ao regime de Moscovo são como uma “histeria” iniciada pelo Ocidente para conter a Rússia. “A velocidade com que foram impostas e o seu alcance provam que foram planeadas há muito tempo. E é improvável que essas sanções sejam suspensas", acrescentando que “pelo menos os Estados Unidos dizem, embora não publicamente, mas em contatos com os seus aliados, que quando tudo acabar as sanções vão permanecer em vigor”.
Nesta mesma entrevista ao canal de televisão TF1, o Ministro dos Negócios Estrangeiros da Rússia rejeita que o Presidente russo, Vladimir Putin esteja doente, observando que “o Presidente faz aparições públicas todos os dias. Podem vê-lo no ecrã, ler ou ouvir os seus discursos”, sustenta.
“Deixo isso à consciência daqueles que espalham esses rumores, apesar das oportunidades diárias que todos têm de ver a aparência dele e de outros”, argumenta na mesma entrevista.
A Rússia lançou em 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que causou a fuga de mais de oito milhões de pessoas, das quais mais de 6,6 milhões para fora do país, de acordo com os mais recentes dados da ONU.