01 jun, 2022 - 21:59 • João Malheiro
No 98.º dia de guerra, parece haver um retrocesso nas medidas de embargo ao petróleo russo, acordado no início desta semana, pela União Europeia.
A Hungria terá travado o embargo e recusado sancionar o patriarca russo Cirilo.
A Unicef alertou que cerca de 5,2 milhões de crianças ucranianas, incluindo 2,2 milhões de refugiados em outros países, precisam urgentemente de ajuda humanitária devido ao conflito.
Já os EUA vão enviar para a Ucrânia sistemas mais avançados de mísseis.
A Renascença resume mais um dia de conflito.
A Hungria travou esta quarta-feira a adoção do embargo petrolífero e de novas sanções europeias contra Moscovo, para obter a retirada do chefe da Igreja Ortodoxa russa da lista negra da União Europeia, indicaram várias fontes diplomáticas.
O patriarca Cirilo é considerado "um aliado de longa data do Presidente Vladimir Putin" e "tornou-se um dos principais apoiantes da agressão militar russa à Ucrânia", sublinha a proposta de sanções submetida à aprovação dos Estados-membros da União Europeia (UE).
Os dirigentes dos 27 reunidos em cimeira na segunda e na terça-feira em Bruxelas chegaram a acordo para reduzir em cerca de 90% as suas importações de petróleo russo até ao fim deste ano, a fim de 'secar' o financiamento da guerra russa na Ucrânia.
É necessária unanimidade para a adoção de sanções europeias, e o primeiro-ministro húngaro, Viktor Orbán, deu o seu acordo a este novo pacote de sanções que deveria ser finalizado esta quarta-feira, numa reunião dos embaixadores, antes da sua publicação no jornal oficial da UE, para entrar em vigor.
Cerca de 5,2 milhões de crianças ucranianas, incluindo 2,2 milhões de refugiados em outros países, precisam urgentemente de ajuda humanitária devido ao conflito que forçou dois em cada três menores a deixarem as suas casas, alertou a Unicef.
A nota de imprensa do Fundo das Nações Unidas para Infância (Unicef) foi divulgada nesta quarta-feira para coincidir com as comemorações do Dia das Crianças na Ucrânia e no mundo.
Pelo menos 262 crianças foram mortas e outras 415 ficaram feridas no conflito, principalmente em ataques com armas explosivas em áreas povoadas, sendo que muitos destes ataques danificaram ou destruíram infraestruturas vitais para as crianças, incluindo centenas de centros educacionais e unidades de saúde.
"A guerra destruiu a vida de milhões de crianças", resumiu a diretora executiva da Unicef, Catherine Russell, citada no comunicado.
O avanço das tropas russas em Severodonetsk, na região de Lugansk, forçou parte das forças ucranianas a retirarem com queixas de chegada tardia e insuficiente de armas à frente de combates.
O Estado-Maior da Ucrânia afirmou, no seu relatório de guerra diário, que a Rússia teve "sucesso parcial" no ataque a Severodonetsk, onde "estabeleceu o controlo sobre a parte oriental da cidade".
O porta-voz do Ministério da Defesa ucraniano, Oleksandr Motuzyanyk, disse que a Rússia empregou "todo o seu potencial para chegar à fronteira da região de Lugansk".
Entrevista
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Os Presidentes russo e turco acordaram que a Turquia ajudará nas operações de desminagem dos portos da Ucrânia para permitir a exportação de cereais do país, indicou esta quarta-feira o ministro dos Negócios Estrangeiros russo, Serguei Lavrov.
Vladimir Putin e Recep Tayyip Erdogan, que falaram na segunda-feira por telefone, chegaram "a um acordo" nos termos do qual a Turquia tentará "ajudar a organizar a desminagem dos portos ucranianos para libertar os barcos que ali permanecem como reféns, com mercadorias de que os países em vias de desenvolvimento necessitam", afirmou o chefe da diplomacia russa numa conferência de imprensa em Riade.
Segundo Lavrov, cujas palavras foram transmitidas pela televisão pública russa a partir da Arábia Saudita, as operações de desminagem com cooperação turca deverão realizar-se "sem tentativas de reforçar o poder bélico da Ucrânia e prejudicar a Rússia".
O Presidente dos Estados Unidos da América (EUA), Joe Biden, afirma querer agir rapidamente para enviar à Ucrânia uma quantidade significativa de material militar para que o país possa colocar-se numa posição mais fortalecida à mesa das negociações.
A ideia vem expressa num artigo de opinião assinado por Joe Biden e publicado na página da internet do jornal “The New York Times”.
“Foi por isso que decidi que forneceremos aos ucranianos sistemas de mísseis e munições mais avançados que permitirão atacar com maior precisão os principais alvos no campo de batalha, na Ucrânia", afirma, especificando tratar-se de mísseis antitanque Javelin, produzidos em território norte-americano, ainda mísseis anti-aéreos Stinger, artilharia pesada, radares, veículos aéreos não tripulados, helicópteros Mi-17 e munições, entre outro tipo de equipamento, para além do envio de mais dinheiro, em assistência financeira.
O mesmo responsável esclarece que os sistemas de mísseis vão servir para repelir os avanços das tropas russas, referindo que não serão usados contra o território da Rússia.