01 jun, 2022 - 22:01 • Lusa
O presidente da Comissão de Ambiente no Parlamento Europeu, Pascal Canfin, alertou para o “tsunami de lobbying” de empresas, enquanto se discute propostas para o pacote legislativo Objetivo 55 (Fit for 55), no âmbito da transição climática.
“Há um ‘tsunami de lobbying’. Eu não contesto a legitimidade de uma empresa ou do seu CEO de defender os seus interesses, mas se um CEO entende que a proposta da Comissão Europeia é má […] então que proponha alternativas”, disse aos jornalistas o eurodeputado francês, durante um seminário sobre o Fit for 55, no Parlamento Europeu, em Bruxelas.
O Fit for 55 é uma parte do ‘Green Deal’ que compreende um conjunto de iniciativas legislativas que têm como objetivo promover a transição climática e alcançar uma economia neutra em carbono em 2050.
Neste âmbito, o Parlamento Europeu vai votar oito textos, na próxima semana, em Estrasburgo, França, entre os quais está, por exemplo, a proposta da Comissão Europeia de que, a partir de 2035, só sejam vendidos carros novos 100% livres de emissões de carbono.
“Temos de contrariar este ‘tsunami de lobbying’ e manter-nos firmes na transição climática”, acrescentou Pascal Canfin.
Também o eurodeputado neerlandês Mohamed Chahim (Aliança Progressista dos Socialistas e Democratas no Parlamento Europeu - S&D), apontou que “há muito lobby” e que isso “cria pressão em quem está a trabalhar nos textos” do Fit for 55.
A questão dos carros com emissões de dióxido de carbono (CO2) é um dos “elementos sensíveis” do Fit for 55, explicou Pascal Canfin, uma vez que o Partido Popular Europeu (PPE) defende que a partir de 2035 possam ser vendidos carros novos 90% livres de emissões de CO2.
O presidente da Comissão de Ambiente explicou que, na União Europeia, em média, um carro novo permanece em circulação durante 15 anos, por isso, é necessário acabar com a venda de carros com emissões 15 anos da meta da neutralidade carbónica em 2050.
Para o eurodeputado alemão Peter Liese (PPE), a proposta da Comissão Europeia não é “tecnologicamente neutra” e o seu partido entende que “a Comissão não deve decidir como descarbonizar”, preferindo “manter a porta aberta para outras tecnologias” além das baterias elétricas, como, por exemplo, o hidrogénio ou os biocombustíveis.