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Myanmar. Associação de lusodescendentes denuncia “atrocidades” em aldeias

08 jun, 2022 - 12:48 • Olímpia Mairos

Segundo a organização, “milhares de membros do povo ‘Bayingyi’ tornaram-se refugiados, encontrando-se agora distribuídos por aldeias vizinhas ou nos complexos das organizações religiosas”.

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A Associação Internacional de Lusodescendentes (AILD), que está a acompanhar a situação em Myanmar, alerta para as atrocidades em aldeias onde vivem comunidades católicas.

“A estratégia de terror adotada pelos militares, para demover novas revoltas, atua agora também sobre a minoria católica luso-descendente”, denuncia a associação em comunicado, citado pela AIS.

A organização descreve alguns dos ataques a aldeias onde vivem comunidades católicas e fala em “atrocidades” e “genocídio”.

Em causa, segundo a AILD, está a situação de milhares de católicos, os ‘bayingyis’, descendentes de combatentes portugueses que entre os séculos XVI e XVII estiveram ao serviço dos monarcas birmaneses. Uma comunidade católica que está distribuída por 13 aldeias, tendo algumas delas sido palco de episódios de particular violência por parte dos militares de Myanmar.

Em declarações à fundação pontifícia, o diretor-geral para a região Ásia Pacífico da AILD, Joaquim Castro diz que a situação de violência não o surpreendeu.

“Na verdade, não me surpreendeu a violência dos militares birmaneses pois é conhecido o seu modus operandi. Quem queima todas as casas de uma aldeia é muito capaz de matar a eito. Aliás, os quatro casos (conhecidos) de assassinato de ‘bayingyis’ são reveladores: dois deles foram torturados antes de serem abatidos a tiro e um terceiro tinha uma grave deficiência cognitiva. Ou seja, os soldados mataram por divertimento”, diz, citado pela AIS.

O responsável fala do futuro com apreensão, temendo que novos incidentes graves possam vir a ocorrer.

“Temo pelas restantes aldeias – são muitas. Toda a região está em pé de guerra e há outras minorias étnicas na mira dos esbirros da Junta agora de novo no poder”, sinaliza o investigador.

Segundo a Associação Internacional de Lusodescendentes, “milhares de membros do povo ‘Bayingyi’ tornaram-se refugiados, encontrando-se agora distribuídos por aldeias vizinhas ou nos complexos das organizações religiosas”.

A situação em que vivem é muito difícil e nesse sentido apela-se à ajuda para estas populações católicas, nomeadamente através da “Arquidiocese de Mandalay, a única instituição com capacidade para chegar às populações e em condições de dialogar com as forças do regime”.

Também a fundação AIS acompanha com preocupação a situação em Myanmar e, por isso, no dia em que se assinalou o primeiro aniversário do golpe militar, convocou os seus benfeitores e amigos em todo o mundo para uma jornada de oração e de solidariedade para com a Igreja deste país asiático.

Na ocasião, o presidente executivo internacional da Fundação AIS, Thomas Heine-Geldern, explicava que a jornada de oração procurava ser “um sinal de solidariedade e de fraternidade” para com a Igreja local, lembrando todas as “vítimas inocentes” da violência que irrompeu neste país, desde que os militares tomaram conta do poder.

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