15 jun, 2022 - 19:45 • João Malheiro
O 112.º dia de guerra fica marcado por um alerta da ONU sobre a escassez de água potável em Severodonetsk, a cidade ucraniana que tem sido palco de intensas batalhas entre os dois lados do conflito.
As autoridades locais estimam que a Rússia detém controlo de 80% da cidade.
A UNICEF denunciou que os bombardeamentos na Ucrânia estão a matar e mutilar crianças.
A Reanscença resume os principais momentos de mais um dia de guerra.
Um representante das Nações Unidas alertou que milhares de civis estão presos em Severodonetsk e há uma escassez de água potável cada vez maior na cidade.
Nos bunkers da planta química de Azot está a gerar-se uma situação dramática em que começa a faltar também "sanitização".
Alimentos e medicamentos são outras componentes que, igualmente, começam a ser escassos na região.
"Ambos os lados do conflito têm a obrigação de proteger civis. Eles têm de garantir que as pessoas que quiserem abadonar a cidade podem fazê-lo em segurança", apelou Saviano Abreu, da ONU, ouvido pela BBC.
O Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) denunciou que os bombardeamentos na Ucrânia estão a matar e mutilar crianças e a impedi-las de regressar a "qualquer tipo de vida normal".
Segundo os últimos números do Gabinete do Alto Comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos, um total de 277 crianças morreram e 456 ficaram feridas desde o início da guerra, principalmente devido à utilização de explosivos em áreas urbanas.
Em resposta, a UNICEF apelou na terça-feira para o fim dos ataques a infraestruturas civis e do uso de armas explosivas em áreas povoadas.
"Está a matar e mutilar crianças e a impedi-las de regressar a qualquer tipo de vida normal nas cidades e vilas que são as suas casas", disse a organização em comunicado.
O ex-presidente russo Dmitri Medvedev, atual vice-presidente do Conselho de Segurança da Federação da Rússia afirmou hoje que a Ucrânia pode deixar de existir nos próximos dois anos.
"Quem disse que a Ucrânia pode ainda estar nos mapas nos próximos dois anos?", escreveu Medvedev numa mensagem publicada na rede Telegram.
Dmitri Medvedev, chefe de Estado da Rússia entre 2008 e 2012, comentava desta forma a notícia de que Kiev está a tentar garantir o abastecimento de gás natural liquefeito (GNL) para o próximo inverno através de um empréstimo dos Estados Unidos que a Ucrânia pretende saldar nos próximos dois anos.
Na mesma mensagem, Medvedev acrescenta que para Washington é indiferente perder fundos com empréstimos à Ucrânia porque, frisa, "os Estados Unidos já investiram muito no projeto anti-Rússia".
O secretário-geral da NATO, Jens Stoltenberg, defendeu que o Ocidente deve enviar para a Ucrânia “mais armas pesadas” de maneira a combater a “brutal invasão” das forças russas na região ucraniana de Donbass.
“Sim, a Ucrânia deveria ter mais armas pesadas. Os aliados da NATO têm fornecido armas pesadas há algum tempo, mas estão agora a aumentar estes esforços”, realçou o responsável máximo da aliança militar durante uma conferência de imprensa em Haia, após uma reunião com líderes de sete países europeus na qual também esteve presente o primeiro-ministro português, António Costa.
Na terça-feira, o ministro da Defesa da Ucrânia, Oleksiy Reznikov, indicou que o país apenas recebeu uma parte das armas que pediu, com o primeiro-ministro polaco a apontar que o Ocidente “não está a fazer o suficiente” para apoiar a Ucrânia.
Já esta quarta-feira, o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, anunciou mais mil milhões de dólares em armamento para a Ucrânia.
O chefe de Estado norte-americano detalha que a ajuda inclui artilharia adicional, armas de defesa da costal e ainda sistemas avançados de mísseis.