20 jun, 2022 - 21:04 • Lusa
A Rússia usou na Ucrânia mais de 210 tipos de armas proibidas pelos tratados internacionais, a maioria munições de fragmentação, que podem representar um grave risco para a vida dos civis, inclusive décadas depois de acabar a guerra, assegura o “The New York Times”.
Para chegar a esta conclusão, o diário norte-americano examinou mais de mil fotografias tiradas pelos seus próprios fotojornalistas e fotógrafos que trabalham no terreno na Ucrânia, bem como provas visuais apresentadas por agências governamentais e militares ucranianas.
O diário classifica como "guerra surpreendentemente bárbara e antiquada" a ofensiva de Moscovo, que atingiu cidades e povoações ucranianas com uma rajada de mísseis e outras munições, a maioria das quais podem considerar-se relíquias da Guerra Fria, e muitas delas amplamente proibidas pelos tratados internacionais.
Os ataques foram feitos com um uso repetido e generalizado de armas que matam, mutilam e destroem indiscriminadamente, o que supõe uma possível violação do direito internacional humanitário, afirma o jornal.
Estes ataques deixaram civis, incluindo crianças, mortos e feridos e destruíram infraestruturas críticas, como escolas e lares.
Os jornalistas do diário identificaram e categorizaram mais de 450 casos em que se encontraram armas ou grupos de armas na Ucrânia.
No total, havia mais 2.000 munições identificáveis.
O jornal norte-americano assegura ainda que o uso deste tipo de armas por parte da Rússia não foi limitado, nem anómalo.
De facto, constituiu a coluna vertebral da estratégia de guerra do país o início da invasão, a 24 de fevereiro.
No entanto, devido à dificuldade em obter informação completa em tempos de guerra, estas contagens estão subestimadas.
Algumas das armas identificadas podem ter sido disparadas pelas forças ucranianas, num esforço para se defenderem da invasão, mas a evidência aponta para um uso muito maior por parte das forças russas.
A grande maioria das armas identificadas pelo diário eram munições não guiadas, que carecem de precisão e podem usar-se em maior número para destruir um único objetivo.
Ambos os fatores aumentaram a possibilidade de caírem projeteis e mísseis em áreas povoadas por civis, sublinha o diário.