23 jun, 2022 - 23:52 • André Rodrigues
Para o antigo ministro dos Negócios Estrangeiros Martins da Cruz começa agora a fase mais difícil do processo de adesão da Ucrânia na União Europeia. Sobretudo, por se tratar de um país que vai negociar a entrada na União estando em guerra.
O antigo ministro dos Negócios Estrangeiros antecipa um processo demorado e com vários obstáculos pelo caminho.
“Não sabemos quando é que vai acabar a guerra, nem como vai ficar a Ucrânia depois da guerra. Vamos supor que o acordo de paz desenha uma Ucrânia diferente da que conhecemos hoje e que o povo ucraniano diz que não aceita o acordo de paz”, começa por dizer.
“E que há eleições, o senhor Zelenskiy perde, e há outro governo que diz, não queremos aderir à UE. Vamos entrar na parte mais difícil, e as negociações vão ser complexas e demoradas. Não se pense que a Ucrânia entra para o ano”, acrescenta Martins da Cruz.
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Já sobre a frustração expressa pelos países que continuam à espera de uma resposta aos pedidos de adesão, Martins da Cruz concorda com o que diz António Costa: a UE deve evitar a todo o custo a indignação desses países, sob pena de poder criar desequilíbrios nas relações bilaterais.
Há 10 candidatos nessa situação, a Turquia, por exemplo, há muitos anos. A Moldávia, por exemplo, foi agora aceite, mas a Geórgia não. “Não se entende porquê”, diz o ex-embaixador.
“Ou a União Europeia tem uma resposta para estes países que ficam de mão estendida, ou pode ser negativo para a imagem da UE nesses países e no Mundo”, avisa.
Noutro plano, Martins da Cruz afasta uma eventual intervenção militar da Rússia na Lituânia.
Nos últimos dias, Moscovo ameaçou aquela nação do báltico com uma resposta prática e não diplomática ao bloqueio da passagem de mercadorias para o exclave de Kaliningrado.
Martins da Cruz admite outro tipo de sanções russas à Lituânia que não passam por uma intervenção militar que levaria, necessariamente, a um envolvimento da NATO.
“Moscovo ameaçou, não sei o que poderá fazer. Não vai atacar a Lituânia que é um país da NATO. O que pode fazer é cortar-lhes a energia, e pode cortar outros produtos que exporta para lá”, remata.
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