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Centenas protestam em Madrid contra "massacre" de migrantes em Melilla

26 jun, 2022 - 21:36 • Redação com Lusa

ONG diz que as autoridades locais querem enterrar os corpos "sem esperar pelos resultados de uma investigação, sem autópsia, sem qualquer identificação".

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Cerca de 600 pessoas, segundo as autoridades locais, concentraram-se este domingo em Madrid para protestar contra o "massacre" na fronteira de Melilla, entre Espanha e Marrocos, e exigir às autoridades espanholas que "respeitem" os direitos dos migrantes.

Na sexta-feira, cerca de 30 pessoas morreram quando 2.000 migrantes de origem subsaariana tentaram entrar ilegalmente em Melilla saltando a vedação de Nador (Marrocos) e 133 conseguiram passar para território espanhol.

Os manifestantes, convocados pelas plataformas Regularização Já e pelo Movimento Antirracista de Madrid e pela Assembleia Antirracista de Madrid, expressaram a sua rejeição das ações da polícia fronteiriça de Marrocos e do Governo espanhol com cânticos como "todas as vidas importam" ou "nenhum ser humano é ilegal"."Estamos aqui para denunciar o massacre que ocorreu em

Melilla, onde morreram mais de 30 pessoas, e a hipocrisia deste Governo, que afirma que o exército marroquino e as forças e organismos de segurança do Estado (espanhol) fizeram um bom trabalho neste massacre que ocorreu na fronteira de Melilla e em Nador", disse, à agência EFE, Yeison García, portavoz da plataforma Regularização Já.

Os números apresentados pelas organizações de defesa dos direitos humanos diferem dos das autoridades marroquinas, que indicaram 23 mortos, com a Associação Marroquina dos Direitos Humanos a colocar o total de mortos em 27, enquanto a organização não-governamental Caminhando Fronteiras indica 37 óbitos.

No lado marroquino foram detidas cerca de mil pessoas, segundo as autoridades de Marrocos citadas pela agência de notícias espanhola EFE.

Depois de ler vários manifestos, os participantes da manifestação deitaram-se no chão da central Praça de Callao recriando um dos vídeos que tem circulado através das redes e dos meios de comunicação nos últimos dois dias.

Nesses vídeos podem ver-se dezenas de migrantes que se encontram rodeados e detidos pelas autoridades policiais marroquinas após o assalto à cerca.

Os participantes no protesto observaram um minuto de silêncio em memória das vítimas mortais.

Entre este domingo e a próxima quarta-feira, foram convocados protestos em diferentes cidades espanholas, entre as quais Barcelona, Madrid, Valência, Bilbao, Sevilha, Granada, Cádiz, Mataró e Saragoça.


Autoridades marroquinas preparam enterro de migrantes "sem investigação", denuncia ONG


As autoridades marroquinas em Nador, a cidade junto à fronteira com Melilla, já terão começado a organizar o enterro dos migrantes que morreram na fronteira na sexta-feira passada, garante a associação civil de maior implementação no local, Associação Marroquina para os Direitos Humanos (AMDH), nas suas redes sociais.

A ONG publicou no domingo de manhã, no Facebook, uma fotografia tirada de uma colina perto do cemitério de Sidi Salem, em Nador, que mostra um grupo de trabalhadores a cavar sepulturas.

"Um verdadeiro escândalo", escreve a AMDH, afirmando que as autoridades de Nador estavam a cavar "21 sepulturas" para enterrar "alguns dos migrantes que morreram na 'Sexta-feira Negra' na fronteira. Sem esperar pelos resultados de uma investigação, sem autópsia, sem qualquer identificação. As autoridades estão rapidamente a tentar esconder o desastre que vivemos".

A Associação Marroquina para os Direitos Humanos (AMDH) é uma das maiores organizações de direitos humanos em Marrocos. Foi esta associação que divulgou os vídeos que mostram dezenas de migrantes inertes (conteúdo sensível), após a tentativa de passar a fronteira.

Grupos de direitos humanos em Marrocos e Espanha apelaram a que seja feita uma investigação sobre o caso. Pedimos a abertura de uma investigação rápida e transparente", disse à AFP Mohamed Amine Abidar, presidente da filial da Associação Marroquina de Direitos Humanos (AMDH), em Nador, Marrocos.


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