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Lisboa

Conferência dos Oceanos. Políticos de um lado, imprensa e ONGs do outro

27 jun, 2022 - 20:15 • Tomás Anjinho Chagas

Segregados fisicamente no Pavilhão Atlântico, os jornalistas não se cruzam com os políticos. As organizações têm direito a entrar no evento, mas estão sediadas a mais de um quilómetro. Marcelo promete “averiguar”.

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Longe dos decisores, numa sala, e a assistir às sessões a partir da televisão. É assim que os jornalistas são convidados a assistir aos principais momentos da Conferência dos Oceanos da ONU, em Lisboa.

Ao contrário do que acontece em outras organizações, como é o caso da Comissão Europeia ou do Parlamento Europeu, nesta Conferência a comunicação social não coabita com os protagonistas. O ambiente é controlado. Para os jornalistas irem para as salas em comum, têm de pedir autorização e ser acompanhados por alguém da organização.

Porquê? “Para não se cruzarem com os políticos”, admite à Renascença uma funcionária da ONU. No Pavilhão Atlântico, mesmo depois de um controlo de segurança apertado (raio-x, acreditação morosa, etc.), tudo é separado: as refeições, os cafés, as pausas e o trabalho.

A questão não se verificou sempre no passado, por isso a comunicação questionou o Presidente da República sobre o assunto.

“Porque é que temos tantos obstáculos à imprensa? Não podemos sair da sala de imprensa sem alguém nos acompanhar. Acho que isso é exagerado para este tipo de Conferência”, perguntou um jornalista brasileiro.

Marcelo Rebelo de Sousa não fugiu à questão. “Sempre pertenci ao setor da comunicação social, em Portugal é muito muito livre”, refere o Chefe de Estado, que de seguida admitiu que “não sabia” desta situação e acrescentou que isso “seria uma surpresa”. Não obstante, o Presidente da República garantiu que vai “averiguar”.

Mas não é só a imprensa que está longe dos decisores políticos. O mesmo acontece com as organizações não-governamentais. Apesar de os funcionários destas ONGs estarem acreditadas e poderem participar em alguns eventos, as bancas estão a mais de um quilómetro do Pavilhão Atlântico, dificultando o contacto com a comunicação social, por exemplo.

“Espero que consigamos ter algum tipo de interação com os políticos”, afirma Ana Matias, membro da Sciaena, uma organização não-governamental especializada na proteção da biodiversidade marinha. “Foi o local que foi arranjado”, acrescenta, referindo-se à marina da Expo, onde as ONGs puderam montar os seus stands.

Ana Matias considera, “no mínimo, problemático” o facto de os políticos estarem longe da comunicação social. “O que se pede nestes assuntos é transparência e responsabilização”, atira.

Cabeças de peixe

No interior do Pavilhão Atlântico decorreram várias sessões, o exterior foi palco de uma manifestação. Cerca de uma dezena de pessoas, algumas delas da Ocean Rebellion. Apesar de pequeno, o protesto é vistoso. Três pessoas estão caracterizadas e têm um capacete de uma cabeça de peixe.

“Acabem com a sobrepesca”, pode ler-se numa pasta que trazem na mão. “Ecocídio”, diz outra. O objetivo destes manifestantes é alertar para o problema da pesca excessiva.

Ao longo da semana vão existir várias manifestações no Parque das Nações, junto do Pavilhão Atlântico, onde até sexta-feira decorre a Conferência dos Oceanos das Nações Unidas.

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