13 jul, 2022 - 22:54 • Lusa
Um tribunal de Moscovo decretou a prisão preventiva para Ilya Yashin, um dos últimos opositores do Kremlin que ainda se mantém na Rússia e que foi acusado, como outros, por criticar a “ofensiva militar” russa na Ucrânia.
Ilya Yashin, de 39 anos, vai continuar detido pelo menos até 12 de setembro, anunciou o tribunal, que atendeu ao pedido do procurador.
O Comité de Investigação da Rússia, responsável pelas principais averiguações judiciais, abriu um inquérito criminal contra o opositor por este ter divulgado alegadas “informações falsas” sobre o Exército russo, informou na terça-feira o advogado do ativista, Vadim Prokhorov, numa mensagem publicada na rede social Facebook, que indicou também ter sido contactado por um investigador.
No passado dia 28 de junho, Ilya Yashin tinha sido condenado a 15 dias de prisão por alegada “desobediência à polícia”, acusação que o ativista considera não ter qualquer fundamento.
Agora, Yashin enfrenta uma pena de prisão pesada, noticiou a agência France-Presse (AFP). A “divulgação de informações falsas” sobre os militares russos é um novo crime punível com até 15 anos de prisão, uma medida introduzida na Rússia após o início da invasão da Ucrânia.
“Não tenham medo destes patifes, a Rússia será livre”, gritou o opositor à presidência russa no tribunal, após o anúncio de sua prisão preventiva.
Em causa, segundo Kiev, estão as "alegações falsas(...)
Desde o início da ofensiva, em 24 de fevereiro, as autoridades russas têm intensificado a repressão contra as vozes críticas da invasão, afastando muitos deles para o exílio e detendo ou processando judicialmente outros.
Ilya Yashin, um reconhecido opositor do Presidente russo Vladimir Putin, optou por ficar no país, apesar de condenar abertamente a intervenção militar na Ucrânia. É igualmente aliado do ativista anticorrupção Alexei Navalny, reconhecido por ser o principal opositor de Putin.
Navalny está a cumprir uma pena de nove anos de prisão em “regime severo” numa cadeia de alta segurança a norte de Moscovo, após ter sido julgado por “fraude” e “desobediência ao tribunal”.
A Rússia, que já há muitos anos reprime as vozes críticas ao Kremlin, endureceu esta política desde o início da invasão russa da Ucrânia e, na semana passada, o Parlamento votou uma série de textos que preveem penas de prisão pesadas para reprimir pedidos para agir contra a segurança nacional ou a cooperação “confidencial” com estrangeiros.
Desde fevereiro, a Rússia também bloqueou vários meios de comunicação russos e estrangeiros no seu território, bem como algumas das maiores redes sociais, como o Twitter, Facebook e Instagram.