13 jul, 2022 - 10:23 • Redação
A Europol alertou esta quarta-feira que "o terrorismo ainda representa uma ameaça real e presente na União Europeia", referindo que, "embora o trabalho conjunto [das polícias europeias] para desmantelar redes e prevenir ataques pareça estar a ter um efeito positivo, atores solitários associados ao jihadismo e à extrema-direita continuam a preocupar os Estados-membros e a Europol".
No seu mais recente Relatório da Situação e Tendências de Terrorismo na UE, a Europol revela que, em 2021, foram registados 15 ataques terroristas "concluídos, frustrados ou fracassados" na UE, sendo que dos quatro ataques concluídos três estiveram relacionados com jihadismo e um de extrema-esquerda.
Ao todo, durante o ano passado, as autoridades de segurança da UE detiveram 388 suspeitos de ações terroristas, com mais de dois terços (260) das detenções a acontecerem na sequência de investigações ao jihadismo na Áustria, França e Espanha. Ao todo, 423 pessoas foram julgadas e formalmente condenadas por crimes de índole terrorista.
No relatório, a Europol destaca que os chamados "atores solitários" continuam a ser os principais perpetradores de ataques violentos extremistas e terroristas na Europa. Contudo, indica que houve vários ataques desmantelados que envolviam mais do que uma pessoa.
As armas utilizadas pelos suspeitos são "relativamente fáceis de adquirir e não exigem conhecimentos aprofundados de montagem e uso", indica a agência, contando-se entre as armas usadas no ano passado em ataques desta natureza armas brancas, veículos motorizados (em ataques de abalroamento de pessoas) e dispositivos incendiários improvisados.
Em 2021, foi ainda detetada uma tendência que já havia sido registada no ano anterior, com a propaganda terrorista disseminada online a refletir temas da atualidade como a pandemia de Covid-19.
"O aumento de tempo passado online por causa das restrições para combate à pandemia, entre outras razões, constituem um fator de risco para pessoas vulneráveis com potencial de enveredarem por caminhos extremistas", acrescenta a agência, destacando que emergiu nalguns Estados-membros e não-membros um tipo de extremismo violento anti-Covid e anti-Governo, materializado em ameaças abertas, mensagens de ódio disseminadas na internet e, nalguns casos, recurso à violência.
A concluir o relatório, a Eurpol destaca "desenvolvimentos geopolíticos em regiões-chave fora da UE" que, no ano passado, influenciaram as narrativas terroristas e a propaganda disseminada nos Estados-membros. Apesar de a tomada do poder pelos talibãs no Afeganistão não afetar diretamente o bloco europeu, explica, esse evento alimentou insurgências religiosas a nível global, fornecendo aos jihadistas filiados tanto à Al-Qaeda como ao autoproclamado Estado Islâmico oportunidades para promoverem as suas narrativas extremistas.
Em comunicado, a agência que coordena as várias forças policiais europeias destaca que, "numa altura de mudanças geopolíticas, a UE tem mais do que nunca de dar continuação às suas medidas de combate ao terrorismo" e "continuar a trabalhar de perto com os seus parceiros para enfrentar os desafios que se avizinham".