21 jul, 2022 - 02:19 • Lusa
Cerca de 90% dos bebés europeus são expostos a fraldas altamente tóxicas, que podem provocar doenças graves, mas as instituições europeias nada fazem apesar de conhecerem o problema, acusa o Gabinete Europeu do Ambiente (EEB na sigla original).
Num comunicado o EEB, uma rede europeia de mais de 170 organizações ligadas ao ambiente, explica que a contaminação das fraldas foi revelada há anos pela agência nacional francesa para a segurança sanitária, alimentar, ambiental e do trabalho (ANSES), uma instituição pública tutelada pelos ministérios da Saúde, Ambiente, Agricultura, Trabalho e Consumo.
O alerta da ANSES foi feito em 2018 mas as instituições europeias têm falhado na criação de legislação que proteja os consumidores, o que voltou a acontecer na quarta-feira, explica o EEB.
A Comissão Europeia tinha um prazo de três meses para apresentar uma proposta legal sobre restrições na União Europeia (UE) de produtos químicos em fraldas, na sequência de um pedido francês nesse sentido feito a 20 de abril. Até agora nunca cumpriu os prazos de outros pedidos de França e voltou a falhar esse prazo na quarta-feira, nota a organização de ambiente.
As autoridades francesas dizem que 90% dos bebés europeus foram expostos a contaminação química "muito grave" através de fraldas vendidas em toda a Europa nos últimos anos, colocando os bebés em risco de "doenças potencialmente muito graves" mais tarde nas suas vidas.
A agência francesa testou em 2018 e 2019 as marcas mais vendidas de fraldas descartáveis, incluindo as chamadas "amigas do ambiente" e encontrou 38 produtos químicos de "risco muito grave", formaldeído, classificado como cancerígeno e que já é proibido em brinquedos, e outros 37 produtos com impactos também na saúde, seja a nível cancerígeno seja a nível hepático, imunológico ou neurológico, entre outros.
O EEB nota que, além das fraldas, a exposição diária a produtos químicos sintéticos em produtos do dia-a-dia está a contribuir para taxas crescentes de cancro, problemas reprodutivos e doenças metabólicas, tais como diabetes e obesidade, entre outros impactos.