23 jul, 2022 - 04:14 • Lusa
O Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, referiu, esta sexta-feira, que a ONU é responsável por fazer cumprir o acordo assinado entre Kiev e Moscovo para o desbloqueio dos cereais nos portos ucranianos.
“Todos entendem que a Rússia se pode envolver em provocações, tentativas de desacreditar os esforços ucranianos e internacionais. Mas confiamos na ONU. Agora, é responsabilidade desta garantir o cumprimento do acordo”, atirou o chefe de Estado ucraniano no seu discurso diário em vídeo.
A Ucrânia e a Rússia assinaram hoje acordos separados com a Turquia e a ONU para desbloquear a exportação de cerca de 25 milhões de toneladas de cereais presos nos portos do Mar Negro.
Numa cerimónia realizada no Palácio Dolmabahçe, na cidade turca de Istambul, com a parceria da Turquia e da ONU, foram assinados dois documentos - já que a Ucrânia recusou assinar o mesmo papel que a Rússia - devendo o acordo vigorar durante quatro meses, sendo, no entanto, renovável.
Para Volodymyr Zelensky, o acordo “corresponde plenamente aos interesses da Ucrânia”, acrescentando que os militares ucranianos controlam “a 100% todos os acessos aos portos".
Segundo o Presidente da Ucrânia, o acordo permitirá a exportação de cerca de 20 milhões de toneladas da colheita do ano passado, bem como a do ano em curso.
"Trata-se de rendimento para os agricultores, todo o setor agrícola e o orçamento do Estado. São empregos. Agora temos cerca de 10.000 milhões de dólares em cereais”, apontou.
Zelensky vincou ainda que esta negociação é “uma nova demonstração de que a Ucrânia é capaz de resistir” à invasão russa.
Já o ministro da Infraestrutura ucraniano, Olexander Kubrakov, garantiu que a Ucrânia está pronta para retomar as exportações "em poucos dias", em declarações à televisão nacional ucraniana.
Olexander Kubrakov também realçou que o acordo foi assinado nos termos dos ucranianos e que não “houve traição”.
O acordo de Istambul inclui dois documentos: um sobre as exportações de cereais da Ucrânia e outro sobre a exportação de produtos agrícolas e fertilizantes russos.
O acordo implica também que passe a ser feita uma inspeção dos navios que transportam os cereais, para garantir que não levam armas para a Ucrânia.