22 jul, 2022 - 20:14 • Lusa
A Ucrânia conta com a ONU para a aplicação do acordo concluído esta sexta-feira em Istambul sobre a exportação dos seus cereais, declarou o ministro dos Negócios Estrangeiros, Dmytro Kuleba, sublinhando que "não pode confiar na Rússia".
"Temos confiança na ONU enquanto força motriz deste acordo, enquanto instituição e no secretário-geral que investiu a sua reputação e a sua capacidade para que o acordo funcione e a Rússia não o rompa, como já rompeu diversos acordos", declarou Kuleba em conferência de imprensa.
A Rússia e a Ucrânia assinaram hoje acordos separados com a Turquia e a ONU para desbloquear a exportação de cerca de 25 milhões de toneladas de cereais retidos nos portos do Mar Negro devido ao conflito armado em território ucraniano.
Numa cerimónia realizada no Palácio Dolmabahçe, na cidade turca de Istambul, com a parceria da Turquia e da ONU, foram assinados dois documentos - já que a Ucrânia recusou assinar o mesmo papel que a Rússia -- e devendo o acordo vigorar durante quatro meses, sendo, no entanto, renovável.
"A Ucrânia não confia na Rússia. Não penso que alguém tenha motivos para confiar na Rússia", sublinhou Kuleba.
Previamente, e em declarações à televisão russa após a assinatura dos acordos, o ministro da Defesa russo, Serguei Shoigu, assegurou que a Rússia se comprometeu a não "beneficiar" da abertura e desminagem dos portos ucranianos. "Assumimos esse compromisso", indicou.
"Temos todos os pré-requisitos e condições para que o processo se inicie nos próximos dias. Não se trata apenas da exportação de produtos agrícolas desde os portos ucranianos, mas evidentemente também da exportação de produtos agrícolas e de fertilizantes a partir dos portos russos", acrescentou.
Os documentos foram assinados por Serguei Shoigu e pelo ministro das Infraestruturas ucraniano, Oleksandr Kubrakov, na presença do secretário-geral da ONU, António Guterres, e do ministro da Defesa turco, Hulusi Akar. O Presidente turco, Recep Tayyip Erdogan também assistiu à cerimónia.
Num comunicado distinto, o chefe da diplomacia russa, Serguei Lavrov, prometeu que Moscovo cumprirá as suas obrigações, mas considerou "inaceitável" que os Estados Unidos e seus aliados utilizem "a produção alimentar em benefício de um objetivo geopolítico".