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Junta de Myanmar executa quatro ativistas pró-democracia

25 jul, 2022 - 15:36 • Reuters

Os quatro homens, aliados da líder deposta Aung San Suu Kyi, foram condenados em julgamentos secretos e injustos, denuncia Amnistia Internacional.

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A Junta militar no poder em Myanmar executou quatro ativistas pró-democracia acusados de ajudar a executar "atos terroristas", foi anunciado esta segunda-feira. A comunidade internacional já está a reagir, condenando aquelas que são as primeiras execuções a ter lugar na nação do sudeste asiático em décadas.

Condenados à morte em julgamentos à porta fechada em janeiro e abril, os quatro homens enfrentavam acusações de prestarem assistência a um movimento de resistência que tentou tomar o poder num golpe contra o Exército no ano passado -- o que conduziu a uma sangrenta repressão e perseguição de opositores que gerou pelo menos 1.500 mortos e mais de 11 mil detidos.

O Governo de Unidade Nacional (GUN) de Myanmar, uma administração-sombra que foi ilegalizada pelos militares, tem repetido pedidos de ajuda internacional para fazer frente à Junta.

"A comunidade global tem de punir esta crueldade", disse Kyaw Zaw, porta-voz da presidência do GUN, numa mensagem enviada à Reuters.

Entre os executados contam-se Kyaw Min Yu, um ativista pela democracia de 53 anos mais conhecido como Jimmy, e o ex-deputado e artista de hip hop Phyo Zeya Thaw, 41 anos, adiantou o jornal local "Global New Light of Myanmar".

Ambos aliados da líder deposta Aung San Suu Kyi, entretanto condenada a prisão, os dois homens perderam o recurso interposto às sentenças em junho. Os outros dois executados foram identificados como sendo Hla Myo Aung e Aung Thura Zaw.

"Estas execuções correspondem à deprivação arbitrária de vidas e são mais um exemplo das atrocidades cometidas em Myanmar contra os direitos humanos", refere Erwin Van Der Borght, diretor regional da Amnistia Internacional.

"Os quatro homens foram condenados por um tribunal militar em julgamentos altamente secretos e profundamente injustos."

Thazin Nyunt Aung, mulher de Phyo Zeyar Thaw, diz que as autoridades prisionais não deixaram as famílias recolherem os corpos dos executados. Os homens estiveram detidos na prisão de Insein, um centro prisional da era colonial britânica.

De acordo com fonte próxima do processo, as famílias puderam visitá-los na passada sexta-feira, mas apenas um familiar foi autorizado a falar com os detidos, através de uma plataforma online.

"Perguntei [aos guardas prisionais] porque é que não me disseram ou ao meu filho que este era o nosso último encontro. Sinto-me triste", disse à BBC birmanesa Khin Win Tint, mãe de Phyo Zeyar Thaw.

As execuções foram inicialmente noticiadas pelos meios de comunicação estatais e entretanto confirmadas pelo porta-voz da Junta, Zaw Min Tun, em declarações ao jornal "Voice of Myanmar", sem avançar mais detalhes.

Anteriores execuções no país deram-se sempre por enforcamento.

De acordo com o grupo de ativistas Associação de Assistência a Prisioneiros Políticos, as últimas execuções judiciais em Myanmar tiveram lugar no final dos anos 1980, sendo que desde o golpe de fevereiro do ano passado 117 pessoas já foram condenadas à morte.

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