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O perigoso negócio da escalada da K2. Montanha regista num dia quase metade do total de subidas da história

28 jul, 2022 - 12:21 • Joana Azevedo Viana

O que em tempos estava reservado a especialistas em alpinismo tornou-se uma atração turística. Números de desaparecimentos e mortes na segunda montanha mais alta do mundo refletem a nova realidade nos Himalaias.

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Um vídeo de um alpinista nepalês tornou-se viral esta semana, mostrando uma longa fila de pessoas a escalar a K2, no Paquistão, a segunda montanha mais alta do mundo a seguir ao Evereste.

As imagens foram captadas num dos pontos mais complexos da subida, num local onde, segundo o "Everest Today", um portal que cobre todas as informações sobre os Himalaias, "se passa várias horas sob um gigantesco penhasco de gelo numa posição exposta, a mais de 8.200 metros de altitude, com um terço dos níveis normais de oxigénio e sabendo que muitas pessoas resvalam e caem lá abaixo".

De acordo com dados citados pelo jornal espanhol ABC, apenas 377 pessoas conseguiram alcançar o pico do K2 até hoje, sendo que 20% dos que tentaram coroar a montanha morreram. Mesmo assim, isso não travou o surgimento de um perigoso negócio de escaladas.

Recentemente, num só dia contabilizaram-se 145 subidas, o equivalente a quase 40% do total de escaladas desde que há registos.

Entre os responsáveis pelas escaladas em massa que têm ocorrido nos últimos dias contam-se os alpinistas Mingma G, autor do vídeo viral, e Nirmal Purja, que já chegou a gabar-se nas redes sociais de ter levado 33 clientes ao topo da K2 num só dia, através da sua empresa de expedições, a Elite Exped.

Apesar de esta não ser a montanha mais alta do mundo, os especialistas dizem que é tecnicamente mais difícil de escalar do que o Evereste, em particular porque o pico tem uma forma piramidal e envolve um terreno muito íngreme feito de gelo e rochas, ao contrário do pico do Evereste, ao qual se chega a caminhar.

Atualmente, trabalham na K2 tanto empresas locais como agências do Nepal e até guias ocidentais. Todos publicitam como atividade turística o que, até há alguns anos, estava destinado apenas a especialistas. E os números refletem essa radical alteração de paradigma na montanha.

Na terça-feira, foram descobertos os corpos de dois homens que estavam desaparecidos há cerca de uma semana; ambos sofreram quedas que lhes custaram a vida, juntando os seus nomes à já longa lista de vítimas desta perigosa escalada.

Esta quinta-feira, as autoridades locais anunciaram que mais três alpinistas estão desaparecidos após começarem a escalar a um dos 14 "super-picos" (montanhas com mais de oito mil metros de altitude) da cordilheira dos Himalaias.

Dois deles, o canadiano Richard Cartier e o australiano Matthew Eakin, desapareceram precisamente na K2, conhecida como "a montanha selvagem" pela sua perigosidade em comparação com as congéneres e com o Evereste.

"Não podemos declará-los mortos até que os seus corpos sejam encontrados", declarou fonte oficial do departamento de turismo de Gilgit Baltistan à AFP esta manhã. "Rezamos por encontrá-los vivos, mas as hipóteses de isso acontecer são mínimas."

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