29 jul, 2022 - 00:04 • Redação
A campanha eleitoral italiana para as eleições de 25 de setembro começa com a revelação das relações entre o líder da Liga, Matteo Salvini, e a Rússia de Putin, com novos elementos que deixam dúvidas sobre os bastidores da queda do governo Mario Draghi.
A notícia foi dada pelo jornal 'La Stampa', que examinou documentos dos serviços de inteligência italiano, segundo os quais, no final de maio, um importante funcionário da embaixada russa em Roma, Oleg Kostyukov, pediu a um emissário de Salvini, assessor do líder da Liga para as relações internacionais, Antonio Capuano, se os três ministros da Liga no Executivo estavam "dispostos a renunciar ao governo Draghi".
O jornal italiano demonstrou um interesse fatual de Moscovo na 'desestabilização' de Itália. O diário reconstrói os repetidos contatos da Liga com diplomatas e políticos russos no final de junho, no meio da crise política que levou o presidente da República Mattarella a dissolver as Câmaras, menos de um mês depois, exatamente a 21 de julho.
Itália
Em 17 meses no comando do governo, Draghi era vist(...)
Todos os meios de comunicação italianos destacaram, naqueles dias os contatos da Liga com diplomatas e políticos russos, a ofensiva lançada por Matteo Salvini e o Movimento 5 Estrelas contra Draghi, com uma campanha de opinião pública e parlamentar contra o envio de armas para a Ucrânia.
Os senadores do Movimento 5 Estrelas chegaram a elaborar uma resolução parlamentar para impedir o envio de armas para Kiev, o que levou à criação de uma divisão dentro do Movimento.
As revelações do 'La Stampa' causaram profunda preocupação em todos os partidos políticos, que pedem explicações a Salvini no Parlamento. O líder da Liga minimizou as revelações, e considerou-as "absurdas", reforçando que o seu partido "é um aliado dos países ocidentais, o que não significa que não queira boas relações com Putin".
Os russos prometeram a Salvini encontrar-se com o ministro dos Negócios Estrangeiros Lavrov, e, talvez, o presidente Vladimir Putin.
O líder da Liga também tentou jogar uma carta diplomática com o Vaticano, para reforçar a missão de paz em Moscovo. Salvini, acompanhado do assessor Antonio Capuano, reuniu-se a 27 de maio no Vaticano com o secretário de Estado, equivalente ao primeiro-ministro, o cardeal Pietro Parolin. O Vaticano dissociou-se da operação.
Por sua vez, o chefe dos serviços de inteligência, Franco Gabrielli, negou a informação, mas o 'La Stampa' confirmou-a.
O nome do diplomata Kostyukov é conhecido dos média em italiana porque foi ele que comprou os bilhetes de avião, naqueles dias, para a visita de Salvini a Moscovo.
Extrema-Direita
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Salvini combinou tudo com o embaixador russo em Roma, Sergei Razov, com várias visitas à delegação diplomática, sem informar Mario Draghi. Enquanto se preparavam para a viagem a Moscovo, os diplomatas russos demonstraram um interesse muito especial pelo futuro do governo italiano.
A instabilidade impediu Draghi de realizar as reformas que o país precisa, e onde os governos duram menos de 15 meses em média.